De acordo com os painelistas que participaram de uma discussão sobre conectividade e produção no Painel Telebrasil, a implementação do 5G será a melhor política pública industrial que o Brasil pode ter. Os especialistas apontaram que a quinta geração da banda larga móvel será a base para o desenvolvimento tecnológico da indústria nacional. O painel foi promovido hoje (21/9), durante o segundo dia do evento online.
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Guilherme Spina, CEO da V2COM e da WEG, aponta que o 5G é um habilitador para a implementação de novas tecnologias. Ele comparou a rede como uma estrada, onde os carros seriam os novos casos de uso que poderão ser desenvolvidos e que vão permitir solucionar problemas de produção.
Uma das promessas do 5G que ele cita é a simplicidade. Como ela provavelmente será a única rede para o funcionamento dos equipamentos de tecnologia operacional, dará ganho de escala para a indústria. Spina aposta ainda em redes privativas para gerar uma possibilidade de mais conexão, o que, junto com a necessidade de conectividade da indústria, podem ser vetores para baixar o custo do 5G e viabilizar sua implementação.
Já Igor Calvet, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), acredita em um modelo misto entre rede pública e privativa do 5G, já que outros países têm adotado esse modelo. De qualquer forma, a perspectiva é que a nova tecnologia de conectividade revolucione o setor. Segundo ele, testes em ambiente fabril com o release 15 do 5G, realizados na WEG, mostraram que ele é uma opção melhor que as tecnologias de Wi-Fi industrial.
Indústria tem medo de inovar
A expectativa de Calvet é que o 5G permita que a indústria brasileira se torne disruptiva. Segundo uma pesquisa recente da ABDI, feita com 400 empresas de médio e grande porte do setor, a tecnologia só é utilizada na camada de comunicação entre funcionários.
Por exemplo, 86% das empresas usam ferramentas de videocolaboração e 75% usam a nuvem, no entanto, apenas 10% estão investindo em inteligência artificial e menos ainda utiliza big data ou impressão 3D. Mais da metade (52%) das empresas não sabem o retorno de investimento que a digitalização traz. “As empresas apontam o alto custo da tecnologia e a falta de mão de obra especializada para não investir”, conta o presidente da ABDI.
Luiz Tonisi, presidente da Qualcomm América Latina, espera que seja possível criar ecossistemas para mudar esse cenário e desenvolver a indústria 4.0. Segundo ele, os ecossistemas precisam ser criados em volta de cada caso de uso para agregar empresas. “O ideal é que isso seja produzido no Brasil, para criar mão de obra especializada e gerar mais valor para a matriz econômica brasileira”, conclui.
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