Pesquisas

65% das empresas não conseguem explicar as decisões de seus modelos de IA

O que você vai ver nesse artigo:

Apesar do aumento da demanda e do uso de ferramentas de inteligência artificial (IA), quase dois terços (65%) das organizações não conseguem explicar como as decisões ou previsões dos seus modelos de IA são feitas. O dado é do estudo “O estado da IA responsável: 2021”, produzido pela Fico, fornecedora de software para o mercado financeiro, em parceria com a consultoria Corinium.

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Realizada com base em entrevistas com 100 líderes de grandes empresas globais, incluindo companhias brasileiras, a pesquisa indicou uma grande falta de conhecimento sobre como a IA está sendo usada e se está sendo utilizada de forma responsável. Mais de um terço (39%) dos membros de conselho e 33% das equipes executivas afirmam ter um entendimento incompleto sobre ética da IA. Além disso, a maioria dos entrevistados (73%) afirmam que têm enfrentado dificuldades para obter suporte executivo para priorizar a ética e as práticas responsáveis de IA. 

O investimento em IA aumentou nos últimos 15 meses, mas o ritmo de governança e responsabilidade não acompanhou o mesmo ritmo. Cerca de metade (49%) dos executivos entrevistados relatou um aumento nos recursos alocados para projetos de IA nos últimos 12 meses. Por outro lado, apenas 39% afirmam que suas empresas estão investindo em governança de modelos durante o processo de desenvolvimento, enquanto 33% dizem que estão prestando pouca atenção ao monitoramento e manutenção dos modelos em produção. 

De acordo com a Fico, as organizações estão cada vez mais aproveitando essa tecnologia para automatizar processos-chave, que em alguns casos estão tomando decisões que mudam a vida de seus clientes. A liderança deve compreender essa questão e monitorar os modelos utilizados, de forma a garantir que as decisões sejam justas, transparentes e responsáveis. 

Como ser mais responsável?

Não há consenso entre os executivos sobre quais devem ser as responsabilidades de uma empresa quando se trata de IA, de acordo com o estudo. A maioria dos entrevistados (55%) concorda que os sistemas de IA para ingestão de dados devem atender aos padrões éticos básicos e que os sistemas usados para operações de backoffice também devem ser explicáveis. 

Porém, quase metade dos entrevistados (43%) dizem que não têm responsabilidades além de cumprir a conformidade regulamentar para gerenciar eticamente os sistemas de IA, cujas decisões podem afetar indiretamente a vida das pessoas – como nos casos de modelos de segmentação de audiência, modelos de reconhecimento facial e sistemas de recomendação. 

Apenas um quinto dos entrevistados (20%) monitora ativamente seus modelos de IA em termos de justiça e ética, enquanto somente 22% afirmam que sua organização tem um conselho para avaliar essas questões. Um em cada três (33%) tem uma equipe de validação para avaliar os modelos recém-desenvolvidos e apenas 38% dizem que têm etapas de mitigação de viés de dados incorporadas aos processos de desenvolvimento. 

O levantamento recomenda algumas práticas para ajudar as organizações a traçar um caminho para a IA responsável: 

  • Estabelecer práticas que protejam a empresa contra ameaças à reputação do uso irresponsável de IA;
  • Equilibrar a necessidade de ser responsável com a necessidade de trazer novas inovações para o mercado rapidamente;
  • Garantir suporte executivo para priorizar a ética da IA e práticas responsáveis;
  • Elaborar políticas preparadas para o futuro em antecipação a regulamentações mais rígidas em torno da IA;
  • Disponibilizar os recursos necessários para garantir que os sistemas de IA sejam desenvolvidos e gerenciados de forma responsável.

Metodologia

O estudo “O estado da IA responsável: 2021” foi realizado entre fevereiro e março de 2021, com base em entrevistas com 100 líderes de empresas com receitas anuais acima de US$ 100 milhões. Todos os entrevistados possuíam cargos C-Level, incluindo vice-presidente de dados, vice-presidente de analíticos, vice-presidente de dados e analíticos e vice-presidente de IA. Foram selecionados executivos dos Estados Unidos, América Latina, Europa, Oriente Médio, África e Ásia, sendo que todas essas regiões foram igualmente representadas. 

 

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