Ciclo de vida dos aparelhos é o que mais motiva troca.
A troca de aparelhos celular, tão comum no Brasil, foi um dos temas da pesquisa realizada pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e da Market Analysis, sobre as percepções e os hábitos dos consumidores brasileiros em relação ao uso e descarte de aparelhos eletroeletrônicos.
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De acordo com o estudo, os smartphones, câmeras, impressoras, computadores, microondas, DVD (ou Blu-Ray) dificilmente chegam aos cinco anos de uso.
O que motiva a troca, em grande parte, é o ciclo de vida dos aparelhos. Um em cada três celulares e eletroeletrônicos são substituídos por falta de funcionamento e três em cada dez eletrodomésticos são substituídos por apresentarem defeitos, mesmo funcionando. 60% das mulheres tendem a trocar mais os equipamentos por motivo de funcionamento, e 55% dos homens trocam com para ter um equipamento mais atual.
A população das classe C, D e E tendem a substituir o equipamento por problemas de funcionamento (66%), e as classes A e B, geralmente, substituem por atualização tecnológica.
“Podemos observar também a obsolescência psicológica, quando os consumidores trocam de produtos mesmo que ainda não apresentem defeitos, estimulados pela rápida substituição dos modelos do mercado”, analisa João Paulo Amaral, pesquisador do Idec responsável pela pesquisa.
Assistência técnica
A pesquisa afirma que 81% dos que trocam de celular não levam o aparelho àà assistência técnica, mas quando os aparelhos com problemas são eletrodomésticos (forno de microondas, fogão, geladeira ou freezer e lavadora de roupas), digitais (câmera fotográfica, computador e impressora) e eletrônicos (televisão, DVD e blu-ray), os consumidores tendem a procurar mais a assistência.
Para Michele Afonso, gerente de análise da Market Analysis, a ausência de assistências técnicas de determinadas marcas em algumas cidades e a ineficiência das existentes podem justificar a baixa procura pelo serviço.
Em 2012, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), órgão do Ministério da Justiça, em um levantamento constatou que a maioria dos estados brasileiros tem poucas assistências técnicas das principais marcas. Os piores casos são os das regiões Norte e Nordeste.
Dentre os consumidores que buscam a assistência, a maioria acaba comprando outro aparelho, mesmo que opte for fazer o conserto, e o principal motivo é o preço. “É comum, porém absurdo, considerar que o preço do conserto não vale a pena se comparado ao valor de um aparelho novo e mais moderno”, diz Amaral.
A demora para devolver o produto, a falta de peças e de garantia após o conserto também justificam a não contratação do serviço.
Descarte adequado
A maioria dos entrevistados doam, vendem ou guardam os aparelhos eletrônicos em casa e, segundo o pesquisador do IDEC, isso demonstra que o consumidor brasileiro tem consciência de que os produtos podem ser reaproveitados e estão mais conscientes do risco de descarte no lixo comum.
Ainda de acordo com o levantamento, apenas um a cada seis consumidores descarta os aparelhos. Destes, a maioria os coloca no lixo reciclável, no lixo comum ou o devolvem à loja em que efetuaram a compra. Somente a minoria os descarta em pontos de coletas específicos para produtos eletrônicos. Apenas 1% dos descartes dos celulares são feitos em pontos de coleta específicos, assim como os aparelhos digitais, 2% dos eletroeletrônicos e 5% dos eletrodomésticos.
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os fabricantes de algumas categorias de produtos, entre eles os de eletroeletrônicos, devem ser responsáveis pelo recolhimento, reciclagem e destinação adequada de seus produtos, o que caracteriza o processo de logística reversa.
Apesar de a PNRS ter sido aprovada há mais de três anos, a iniciativa, segundo a pesquisa, não tem sido colocada em prática. Entre os entrevistados, 74% dos usuários doaram ou venderam os eletrodomésticos, e apenas 15% fizeram o descarte adequado. Nos eletrônicos, 45% venderam ou doaram e apenas 21% descartaram. Dos usuários de aparelho celular,enquanto 30% doaram, 13% descartaram os aparelhos.