De acordo com o relatório “Líderes de Negócios e Perspectivas para 2024”, conduzido pelo instituto Data-Makers e pela agência CDN, a inteligência artificial (IA) surge como uma das tendências mais destacadas entre os líderes para o próximo ano, representando 58% das menções. A IA está prevista para ser o foco principal dos investimentos em tecnologia, abrangendo 60% das alocações para o ano de 2024. Para Marcio Tabach, distinguished analyst da TGT ISG, a realidade da adoção da IA, no entanto, está limitada.
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Ele explica que a inteligência artificial pode gerar grandes ganhos de produtividade e de melhoria de processos, mas algumas condições têm que ser atendidas. A primeira delas é que a empresa tenha uma estratégia clara de IA e o entendimento das necessidades de negócio, junto com uma boa governança de dados. Além do mais, os ciclos de desenvolvimento muitas vezes são longos e complexos. O analista diz que só depois que essas condições foram atendidas é que a inteligência artificial vai poder gerar ganhos de produtividade e trazer excelentes resultados.
Para as empresas, no entanto, nem sempre esta é a realidade e ainda há outros empecilhos. Pedro Maschio, distinguished analyst da ISG, identificou no estudo ISG Provider Lens Multi Public Cloud Services, que muitas empresas estão subestimando a complexidade da transição para a nuvem, especialmente no contexto da implementação de IA.
Ele destaca que a nuvem não é apenas uma solução para redução de custos, mas sim um ambiente essencial para negócios digitais eficientes. “A ideia de que simplesmente mover a infraestrutura para dentro da empresa resolverá todos os desafios não é verdade. O desafio contínuo para as empresas é identificar onde estão as habilidades e as pessoas que compreendem a abordagem para fazer essas tecnologias funcionarem”, conta.
Deficit de mão de obra
Ainda segundo Maschio, a velocidade de avanço tecnológico supera a capacidade das pessoas em aprenderem, resultando em uma lacuna significativa de habilidades no mercado, criando uma barreira para a adoção mais ampla e prática da IA. Com efeito bola de neve, nem os fornecedores de serviços gerenciados conseguem certificar seus profissionais rápido o suficiente para atender o mercado.
Entre as empresas fornecedoras de serviços de tecnologia, a percepção não é diferente. Mauricio Fernandes, CEO da Dedalus, concorda ao indicar que a desilusão em relação à IA já começou a se manifestar. “Muitas pessoas expressaram dúvidas sobre a eficácia e até mesmo decidiram proibir o uso, devido à incerteza em relação às consequências. Esse cenário é mais evidente no mercado de desenvolvimento de aplicações, no qual o impacto é difícil de ser avaliado. Por outro lado, a adoção de serviços de nuvem para inteligência artificial tem sido bastante ampla”.
Empresas barram uso de IA
Um exemplo claro da situação citada pelo CEO é o caso da Samsung. Em maio de 2023, a empresa proibiu a utilização de inteligência artificial generativa em suas redes internas, receando possíveis vazamentos de dados. Esta medida não foi inédita, visto que o JPMorgan já havia proibido anteriormente o uso dessa tecnologia, sendo seguido pelo Bank of America, Citigroup e Deutsche Bank, assim como por alguns órgãos públicos ao redor do mundo.
Leonardo Piva, Head de Negócios de Cloud da Tivit, declara que o tema gerou entusiasmo globalmente, tanto entre fornecedores quanto clientes. No entanto, também gerou certo receio sobre a verdadeira extensão desse negócio e se seria uma solução universal para todos os problemas. “O grande desafio é utilizar a inteligência artificial de maneira concreta, prática e eficaz, não como uma solução mágica. Enfrentamos esse desafio ao empregar eficazmente a inteligência artificial em sistemas, processos e ferramentas internas, melhorando produtividade e reduzindo custos.”
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