
Presidente criticou as empresas de tecnologia que, em sua visão, promovem a precarização do emprego
Na última terça-feira (19/9), em seu discurso durante a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as empresas de aplicativo por promoverem a precarização do trabalho com a chamada “uberização”. Já ontem (20/9), ele formalizou um pacto com Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, para fortalecer sindicatos e direitos trabalhistas nos dois países.
Chamada de “Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras”, esta é a primeira iniciativa dos dois países relacionada a direitos trabalhistas. Essa seria uma das ações do presidente Lula para combater a precarização trabalhista praticada pelas empresas de aplicativos, que segundo ele tentam “abolir os direitos trabalhistas duramente conquistados”.
O Pacto Global assinado por Brasil e EUA estabelece esforços pela promoção das negociações coletivas, o combate às subcontratações, terceirizações e o emprego precário, além do fortalecimento dos sindicatos. A intenção é aproximar a colaboração entre os governos, centrais sindicais e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). As formas de trabalho nas plataformas digitais são citadas como pontos para proteção aos direitos dos trabalhadores.
Críticas ao modelo de trabalho da tecnologia
Também ontem, presidentes de centrais sindicais brasileiras e representantes sindicais americanos participaram de uma reunião com o diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo, a representante especial para Assuntos Trabalhistas Internacionais do Departamento de Estado Americano, Kelly Fay Rodriguez, e o ministro do Trabalho do Brasil, Luiz Marinho.
Em sua fala, o presidente do Sindpd e da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, fez duras críticas as Big Techs e a precarização do trabalho em TI. “Estamos vivenciando uma verdadeira pandemia de precarização nas relações trabalhistas, causada pelas Plataformas Digitais e as Big Techs. O mundo acompanha com perplexidade demissões em massa promovidas por essas gigantes, com o objetivo de reduzir salários, eliminar direitos e desregular o mercado de trabalho”, afirmou Neto.
No discurso, Antonio Neto, que foi delegado dos trabalhadores brasileiros na Conferência Internacional do Trabalho da OIT 2022, lembrou que apresentou um pedido para a criação de uma Convenção Internacional para regulamentar o trabalho em plataformas digitais. “Com o controle da informação em massa e o poder econômico, essas empresas promovem uma falsa ideia de empreendedorismo e ‘novos modelos de trabalho’, que não passam de uma nova forma de explorar a mão de obra e perpetuar a precarização. Um trabalhador que tem sua mão de obra intermediada por um aplicativo não deixa de ser um trabalhador agrícola, assim como era aquele sob regime escravagista na agricultura.”
Participe das comunidades IPNews no Instagram, Facebook, LinkedIn e Twitter.