O consultor argentino Adrian Alvarez discute as metodologias de Benjamin Gilas, Hans Hedin, Joaquín Tena e Alessandro Comai e fornece seu parecer.
Neste artigo vou resumir as metodologias mais importantes relacionadas ao funcionamento de sistemas de alerta antecipado.
Gilad (1) estabelece em seu livro sobre sistemas de alerta antecipado (provavelmente o mais difundido no assunto) três etapas nas quais uma empresa deve ser excelente para que seu sistema de alerta antecipado funcione de maneira eficiente:
1.Identificação dos riscos a partir de análise de cenários, pontos cegos e war gaming, assim como priorização deles através de distintas metodologias, como, por exemplo, valor esperado (ou nível de impacto), maior dano, etc.
2.Monitoramento de inteligência através de indicadores para cada risco identificado.
3.Alertas que obrigam/forçam a gerência a tomar uma decisão sobre os riscos identificados. A gerência deve dar feedback ao departamento de IC com relação aos riscos identificados e o apoio às decisões tomadas.
Deve-se mencionar também que Gilad insiste que a empresa tem que dominar igualmente as três etapas para que o sistema funcione de maneira ótima. Uma falha em qualquer etapa poderá causar impactos e fazer com que um evento importante no desempenho da empresa não seja corretamente percebido.
Hedin (2) determina que a introdução de um sistema de alerta antecipado também tem três etapas:
1.Estabelecer o foco do sistema de alerta antecipado ao identificar o propósito, atores internos e temas críticos através de uma análise de impacto, assim como o grau de prioridade dos temas críticos.
2.Estabelecer os indicadores para cada um dos temas críticos, identificar as fontes dos indicadores, seus valores de gatilhos (threshold) e os modelos de análise para se utilizar
3.Implementação final do sistema ao definir suas características, responsabilidades internas, venda interna do sistema de alerta antecipado, probas de funcionamento com eventos que poderiam ser previstos e início de implementação.
De acordo com Tena e Comai (3), toda empresa que queira introduzir um sistema de alerta antecipado deve considerar dez passos, conforme abaixo:
1.Determinar os atores que se quer monitorar de acordo com, por exemplo, técnicas de cenários, brainstorming ou war gaming
2.Priorizar os itens críticos que serão controlados, por exemplo, de acordo com reuniões periódicas entre a alta gerência e os analistas de inteligência competitiva
3.Medir a rapidez com que as mudanças podem acontecer para determinar quais acontecimentos devem ser priorizados
4.Avaliar os impactos das oportunidades e ameaças monitoradas
5.Construir indicadores de acompanhamento de todas as oportunidades e ameaças para, por exemplo, determinar que cenário é mais provável que esteja acontecendo
6.Identificar os sinais de mudança que serão monitorados
7.Estabelecer quais fontes o sistema de alerta antecipado utilizará como base
8.Monitoramento do entorno e seu planejamento
9.Comunicar os acontecimentos
10.Decisão por parte da alta direção com base no sistema de alerta antecipado
O autor deste artigo (4) completou os enfoques acima mencionados com uma abordagem tática em um artigo na Competitive Intelligence Magazine. Este enfoque permite prever as ações táticas que realizarão os concorrentes e compreende os seguintes passos: .
1.Identifique os jogadores nos quais se focar
2.Defina e priorize as situações a monitorar
3.Estabeleça os principais indicadores de cada situação
4.Monitore as situações
5.Analise os indicadores (para detectar se a situação poderia estar acontecendo)
6.Determine e programe a resposta
7.Aprenda com a experiência
Acredito que toda organização deveria estudar em detalhe cada um dos modelos mencionados neste artigo para determinar qual se adapta melhor às suas necessidades e cultura empresarial, já que a implantação de um sistema de alerta antecipado é um tema muito importante e sério. Além disso, acredito que há um ponto no qual todos os autores coincidem: não se pode ter um sistema de alerta antecipado sem um departamento de IC que trabalhe de maneira ótima, pois a área de IC é o coração e o cérebro de um sistema de alerta antecipado que funciona de maneira ótima.
Bibliografia:
1.Gilad, Benjamin (2004), Early Warning: Using Competitive Intelligence to Anticipate Market Shifts, Control Risks and Create Powerful Strategies, Amacom.
2.Hedin, Hans (2006), Does your business radar work? Early Warning/Opportunity Systems for Intelligence, Global Intelligence Alliance White Paper 1/2006
3.Alessandro Comai y Joaquín Tena Millán, Mapping & Anticipating the Competitive Landscape, 2006 Emecom Ediciones.
4.Alvarez, Adrian (2007), Situational Early Warning, Competitive Intelligence Magazine, Society of Competitive Intelligence Professionals, Jan-Feb 2007 Issue.
*Adrian Alvarez é Founding Partner da Midas Consulting, uma consultoria focada em inteligência competitiva, análise estratégica, alerta antecipado, tirada de pontos cegos e jogos de guerra em toda América Latina. Alem disso Adrian é membro do board e tesoureiro da SCIP (Society of Competitive Intelligence Professionals) o sexto não estadunidense nos mais de 25 anos da SCIP em ocupar essa posição. Adrian escreve no seu blog http://inteligenciacompetitivaenar.blogspot.com/ e o seu email de contato é Adrian_alvarez@midasconsulting.com.ar. Ele ministrará uma oficina acerca de alerta antecipado no Brasil na conferência da IBC em Abril de 2010 (para maiores detalhes consultar http://www.ibcbrasil.com.br/ic)