Desigualdade socioeconômica e regional são destaque do relatório elaborado pelo CGI.br: na classe DE apenas 16% dos domicílios estão conectados à internet, e na área rural esta proporção é de 22%, abaixo dos 56% dos domicílios de áreas urbanas.
O telefone celular ultrapassou o computador como dispositivo mais utilizado para o acesso à Internet no Brasil. Segundo a pesquisa TIC Domicílios 2015, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 89% dos usuários acessam à rede utilizando este dispositivo, enquanto 65% o fazem por meio de um computador de mesa, portátil ou tablet.
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A relação entre o uso de celular e computadores para acesso à web no ano anterior, era de 80% computador e 76% pelo celular.
A pesquisa é realizada anualmente pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), e este ano o universo de usuários com 10 anos ou meais, que correspondem a 58% da população brasileira.
Em 2015, 35% dos usuários de internet acessaram a rede apenas pelo telefone celular, sendo que em 2014 essa proporção era de 19%. O uso exclusivo pelo telefone celular ocorre especialmente entre os usuários de classes sociais menos favorecidas e aqueles da área rural.
Um exemplo disso é que, entre os indivíduos de classes DE, 28% utilizam internet, e a maioria deles (65%) usa a rede apenas pelo telefone celular. O mesmo acontece com as áreas rurais: 34% da população dessas áreas é usuária de Internet, e a maioria dessas pessoas (56%) utiliza apenas pelo celular.
Esta realidade coloca desafios importantes para o desenvolvimento de habilidades digitais requeridas para a nova economia digital. Entre os usuários de Internet que acessam apenas por telefone celular, a proporção dos que realizam atividades online, relativas ao trabalho ou a governo eletrônico, por exemplo, é menor do que aqueles usuários que acessam a rede também por computadores.
Ainda de acordo com a nova edição da pesquisa TIC Domicílios 2015, a proporção de domicílios com acesso ao computador (50%) e a de domicílios com acesso à internet (51%) permaneceu estável em relação a 2014. Nos domicílios da classe A, o acesso à internet encontra-se praticamente universalizado.
Os padrões de desigualdade socioeconômica e regional destacados pela série histórica da TIC Domicílios continuam visíveis na 11ª edição da pesquisa: na classe DE apenas 16% dos domicílios estão conectados à internet, e na área rural esta proporção é de 22%, permanecendo muito abaixo dos 56% dos domicílios de áreas urbanas. Aproximadamente 30 milhões de domicílios das classes C e DE estão desconectados, o que representa quase a metade do total de domicílios brasileiros.
“A Região Sudeste tem tanto a maior proporção de domicílios conectados quanto a maior quantidade em números absolutos de domicílios desconectados, o que corrobora que, mesmo nos grandes centros urbanos, questões de infraestrutura e socioeconômicas influenciam fortemente a possibilidade de acesso. A pesquisa também aponta a presença do tablete como computador exclusivo nos domicílios de baixa renda, sugerindo que este dispositivo seria a alternativa mais barata”, explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
Importância das redes Wi-Fi
Entre os domicílios com acesso à internet 79% tinham Wi-Fi em 2015, um crescimento de 13 pontos percentuais. Esse dado é reforçado pela presença de dispositivos portáteis como notebooks, tablets e celulares, especialmente entre os domicílios de classes sociais mais altas onde a convivência de múltiplos dispositivos é maior.
Além disso, 56% dos usuários afirmam ter utilizado a internet na casa de outra pessoa (amigo, vizinho ou familiar), fazendo deste local de acesso o segundo mais popular, especialmente entre os usuários de Internet pelo celular. No que diz respeito ao tipo de conexão utilizada pelos usuários de Internet no celular, o acesso via Wi-Fi (87%) ultrapassou o acesso via redes 3G e 4G (72%).