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Cibersegurança no sistema financeiro

É extremamente necessária a criação de uma agência nacional de cibersegurança.

 

*Por Daniela Bottai

A cibersegurança no sistema financeiro é uma preocupação crucial devido à sensibilidade e ao valor dos dados financeiros, já que são alvos frequentes de ciberataques. Os ataques não se dão em função da confidencialidade dos dados, mas do valor que se pode extrair atacando os sistemas.

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Os bancos brasileiros implementam incessantemente várias medidas de segurança para proteger seus sistemas e clientes. E em realidade, a cibersegurança é uma jornada contínua que exige esforços constantes para se adaptar às ameaças em evolução.

O sucesso de sua implementação depende de colaboração de todas as áreas de uma instituição financeira, da conscientização e da implementação de tecnologias avançadas, fundamentais para manter a integridade e a confiança no setor financeiro.

A maioria das autoridades financeiras de economias emergentes e em desenvolvimento não implementou regulações de cibersegurança para o setor financeiro, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Fundo Monetário Internacional, FMI, que avaliou 51 nações. Na pesquisa, ficou claro que essa é a realidade nua e crua de 42% dos países que o trabalho se debruçou.

O FMI identificou também que 56% dos bancos centrais ou autoridades de supervisão não têm uma estratégia cibernética nacional.

A concentração de riscos em serviços comumente utilizados pelas empresas, como computação em nuvem, serviços de segurança e operadoras de redes, podem afetar serviços inteiros.

Em 2022, foram registrados 103,16 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos no Brasil. E, apesar das instituições financeiras brasileiras estarem investindo na área como nunca e contratando profissionais extremamente qualificados, é preciso que o mercado como um todo se empenhe em estabelecer um marco de cibersegurança e soberania digital no país.

No Brasil, a realidade é um pouco diferente. Não temos ainda uma Lei definida para tratar segurança cibernética, mas temos a Estratégia Nacional de Segurança Cibernética, e-cyber, criada em 2020 e cuja vigência terminoou agora no final de 2023.

A Fundação Getúlio Vargas defende que o Brasil crie um arcabouço normativo que considere os diversos setores da sociedade, bem como debata amplamente o tema com a sociedade.

Os principais especialistas defendem que é necessário um alinhamento na estratégia nacional por meio de uma lei ou um conjunto de leis que traga padrões mínimos para os níveis operacionais, organizando suas dimensões e estabelecendo os princípios, governança e formas de cooperação entre os diferentes setores envolvidos.

Penso que é extremamente necessária a criação de uma agência nacional de cibersegurança. Estudos sobre o assunto, na maioria das vezes, estão voltados para os aspectos mais técnicos, como criptografia ou ainda com ameaças específicas, como malware, por exemplo.

Preocupações jurídicas também são uma preocupação. Mas penso que é hora de examinar de maneira mais global o assunto e conectar as diferentes dimensões de cibersegurança.

Afinal, esse é um tema que afeta todos os indivíduos, as empresas, os agentes públicos, as instituições de ensino e os tomadores de decisão. Cibersegurança deve ser uma preocupação de todos já que pode afetar a segurança econômico do Planeta. *Daniela Bottai é diretora de Auditoria Interna no Grupo Itaú Unibanco e colunista especial do IPNews.

Este artigo é de total responsabilidade da autora, não representando, necessariamente, a opiniçao do Portal IPNews.

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