Entrevista da Semana

Como as empresas devem conectar os temas IA, computação em nuvem e cibersegurança, na visão da SAP

Na semana passada, durante o evento SAP NOW, a gigante dos ERPs anunciou a disponibilidade local da inteligência artificial Joule até o final do ano. Em paralelo, contou com o depoimento de grandes clientes para reforçar a importância da incorporação de recursos de IA em processos de gestão, para o ganho de eficiência e produtividade. Gustavo Conrado, CFO da SAP no Brasil (FOTO), conversou com exclusividade com o IPNews e mapeou o que é tendência para SAP e como os temas IA, computação em nuvem e cibersegurança são endereçados pela companhia.

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Neste mesmo evento do passado, a SAP enfatizou muito a importância de migração para a nuvem. Qual é a mensagem deste ano?

Gustavo Conrado: Eu vejo o mote desse ano na inteligência artificial. Mas eu acho que falar de inteligência artificial não tira os holofotes da transformação digital, porque se você não faz uma transformação digital bem-feita, você não criar uma fundação de dados com os quais pode trabalhar com IA de uma forma produtiva. Eu até chamaria de transformação digital 2.0. Assumindo que os CIOs, CFOs e os demais C-Levels já tenham a transformação digital como prioridade, é possível extrair mais valor agregado através da inteligência artificial.

O mercado aponta como tendências e prioridades a inteligência artificial, a computação em nuvem e a segurança digital. Como a SAP se insere neste contexto?

GC: Hoje, tudo que a SAP faz em termos de pesquisa, desenvolvimento, toda a nossa inovação, está na nuvem. Quando a empresa, por volta de 2017, 2018, anunciou que estava indo 100% para a nuvem, não era papo de marketing. De fato, era porque o mercado estava demandando isso. E eu acho que é uma combinação perfeita para os outros dois temas, porque na nuvem você consegue, também através da gestão da SAP e dos hyperscalers, garantir uma cybersecurity muito mais robusta. Ou seja, é possível contar com empresas de grande porte como a SAP e os hyperscalers para cuidar da segurança digital e para alavancar a inovação através da inteligência artificial. Uma empresa até conseguiria explorar a inteligência artificial no modelo on-premise, mas teria que fazer isso por conta própria, tendo que desenvolver em casa ou com outros players, perdendo toda a fluidez do que já vem embarcado dentro da SAP.

Vocês terão a versão brasileira da inteligência artificial da SAP no final do ano. Isso está muito endereçado ao ganho de produtividade, certo? Quais são os diferenciais?

GC: Imaginamos que, mesmo sem o copiloto da Joule (inteligência artificial), todos os clientes que estiverem na nuvem já conseguem fazer a gestão automatizada – backoffice, supply chain, recursos humanos … A beleza da inteligência artificial voltada para processos de negócio é servir como um repositório, permitindo que as empresas tirem mais vantagem e sejam mais produtivas. Uma das demonstrações da SAP que evidencia estas facilidades, mesmo para quem não é técnico, é a seguinte: uma empresa que faz venda e-commerce e entrega na residência do cliente, no meio deste processo, recebe um aviso do cliente dizendo que informou o endereço errado ou que quer trocar o endereço de entrega. Ao invés de talvez navegar por diversos workflows dentro do ERP, esta empresa pode usar o copiloto da Joule para uma comunicação direta, com linguagem natural e direta, para fazer esta alteração, avisar o operador logística e, inclusive, registrar possíveis impossibilidades de circulação do veículo.

As consultorias Gartner e IDC têm dito que as empresas precisam investir em projetos estruturantes que lhes deem retorno financeiro para captar recursos que lhes permitam reinvestir em inovação, né? De que forma a SAP está suportando os clientes nessa jornada?

GC: Quando converso com os meus colegas do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças, digo que isso também tem muito a ver com o modelo cloud. A grande maioria do mercado já está focada em transformação digital ou tem isso como prioridade no curto prazo. Só o que a gente tem percebido que no mundo cloud, por ser uma subscrição, esta é a construção de um business case a quatro mãos. Então, eu vejo a SAP atuando dessa forma hoje: vamos sentar e entender sua dor, a sua indústria e como você pode ser não só mais eficiente e produtivo, mas também mais inovador, para também se manter na vanguarda da competitividade do mercado.

Isso vale inclusive para o cliente atendido pelo parceiro SAP?

GC: Sim, existem modelos de atuação, mas a prioridade é que nossos parceiros sejam capacitados para liderar essas discussões com os clientes. Até porque eu acho que grande parte do nosso crescimento é esperado deve vir de territórios do mid market.

Para concluir, que dados financeiros você pode abrir? Qual é o percentual de clientes já na nuvem?

GC: Em números globais, as nossas receitas na nuvem já representam praticamente metade das nossas receitas totais.

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