Entrevista da Semana

Como pensa Antonio Neto, pré-candidato a deputado federal que quer representar trabalhadores de TI

Antonio Neto, pré-candidato à Câmara dos Deputados, quer defender classe trabalhadora de TI (foto: divulgação).

Antonio Neto, hoje presidente do Sindpd – sindicato que representa os trabalhadores de TI do estado de São Paulo – está preparando sua estratégia eleitoral para sair como candidato à Câmara dos Deputados pelo PDT-SP. Ele já pensa em uma plataforma baseada em reformas, como a trabalhista e tributária, sem deixar de lado a carreira que tem como sindicalista e está de olho de uma regulamentação da carreira de TI, instituindo um piso salarial para a categoria.

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O pré-candidato foi ouvido pelo IPNews e contou sobre os planos que tem para sua plataforma e como enxerga a possibilidade de ajudar não só os trabalhadores, mas também as empresas a produzir mais e a contratar mão de obra qualificada. Confira. 

Portal IPNews: Você tem ideias para lidar com o desafio de falta de mão de obra qualificada na área de TI? 

Antonio Neto: Temos uma ideia de aproveitar profissionais de outras áreas que não seja da tecnologia da informação, mas que tragam uma visão ampla para o setor. Um administrador de empresas, por exemplo, tem a visão de negócio. Há um grande número de trabalhadores de áreas que podem ser correlatas ao de TI, como matemática, engenharia e até direito, que estão deslocadas de sua área e podem passar por uma seleção para atuar em TI. 

E do ponto de vista educacional? 

Mexer no currículo educacional não é uma coisa fácil, precisa de uma discussão ampla. Mas a gente pode apresentar projetos para que possam colocar a educação de tecnologia, efetivamente, dentro do ensino público. Hoje, o grande problema do ensino, seja superior ou técnico, é que ele não tem acesso a certificações do mercado, como Microsoft, Oracle e SAP. O Brasil precisa inserir dentro da formação de seus alunos a certificação de ferramentas utilizadas pelo mercado. Isso virou uma fonte de renda para as próprias empresas. Tem certificação que custa US$ 4 mil. Então nossa ideia é debater e criar formas de trazer essas certificações para dentro da formação técnica e superior. 

Há companhias que atuam no exterior buscando trabalhadores brasileiros e pagando em dólar, tirando a mão de obra de empresas nacionais. Como você enxerga essa situação? 

Eu acho que as empresas nacionais vão precisar aumentar o salário. A verdade é que a média salarial do setor no Brasil não é atrativa para os profissionais, então precisaria equivaler a brincadeira. O setor de TI foi o único que cresceu nesses últimos dois anos no Brasil e a hora que você vê a reposição salarial, as empresas mal aceitam pagar a reposição da inflação. E quando vem essas oportunidades de fora, eles aceitam. Há a necessidade de ter um plano de carreira, benefícios e salários condizentes com a carreira. 

Você vê a possibilidade de uma regulamentação da profissão de TI, instituindo um piso salarial? 

Pensamos nisso sim. Porque as principais categorias de emprego têm seus pisos salariais, como os advogados, médicos e engenheiros. É uma discussão que temos que fazer com a categoria para que você possa ter uma segurança. Quem mora em São Paulo tem uma demanda de remuneração diferente de quem mora no interior do estado, então o que a empresa faz, paga menos para esse funcionário do interior. E agora com o teletrabalho, o funcionário pode trabalhar de onde quiser, então acabou-se essa história de receber menos porque mora fora de grandes centros. 

E quanto ao trabalho remoto, é preciso uma regulamentação, visto que já se tem algumas normas do Ministério do Trabalho? 

Na verdade, o mistério colocou de uma maneira que o trabalhador se quer tem direito a horas extras. Se você precisa trabalhar mais horas que o normal, você tem que ser remunerado por elas. Uma coisa é você dar a oportunidade do trabalhador deslocar seus horários de trabalho e o local, outra é ele trabalhar uma jornada maior para ganhar o mesmo salário. É isso que queremos regulamentar de forma clara, porque é fácil acompanhar a jornada de horas trabalhadas via ferramentas digitais. Sem falar no espaço e na estrutura que o funcionário precisa ter para trabalhar com qualidade. 

Existem frentes parlamentares de tecnologia, mas eu não conheço nenhuma representação de profissionais de TI. Você acha isso necessário? 

Primeiro é bom lembrar que essa frente parlamentar de tecnologia representa mais as empresas do que quem trabalha na área. É necessária uma representação e a categoria tem nos cobrado disso. Fizemos uma pesquisa a nível nacional que mostrou uma necessidade de ter representantes dos trabalhadores de TI. Essa é uma necessidade visto que a digitalização tem exigido cada vez mais dos trabalhadores. 

Sua plataforma não pretende se centrar apenas nas questões dos trabalhadores de TI? Você pretende abranger outras áreas? 

Na verdade, esse é o papel do deputado federal. Você tem a questão geral do País, de discussões que se passam no Congresso Nacional. Tem um segundo nível que é a representação do estado de São Paulo e como um deputado eleito pode ajudar o estado. Por último, as questões específicas da nossa classe trabalhadora. 

 

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