As dificuldades de pais ou responsáveis para orientar e apoiar os alunos nas atividades escolares superou a falta de Internet como principal desafio no ensino remoto. De acordo com a pesquisa TIC Educação 2020 (Edição Covid-19 – Metodologia Adaptada), 93% dos gestores escolares do Brasil apontaram a falta de apoio de pai como o principal problema para a realização de atividades pedagógicas durante a pandemia. A falta de dispositivos, como computadores e celulares, e o acesso à Internet nos domicílios dos alunos, vem em segundo lugar, citados por 86% dos gestores escolares.
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A pesquisa é conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). A metodologia utilizada nessa edição teve que ser adaptada às limitações impostas pela pandemia, e foi realizada por meio de entrevistas telefônicas com gestores de escolas públicas (municipais, estaduais e federais) e de escolas particulares em áreas urbanas e rurais.
Em 65% do total de instituições escolares, o atendimento a alunos em condição de vulnerabilidade social foi também citado como um dos desafios enfrentados durante este período. Este percentual foi ainda maior entre as escolas localizadas na região Norte (73%), entre as escolas municipais (77%) e estaduais (74%), e entre aquelas localizadas em áreas rurais (73%).
Medidas para enfrentar a crise
Para impedir que as atividades pedagógicas fossem paralisadas durante a pandemia, 93% das instituições de ensino afirmaram implementar estratégias de agendamento. A intenção é que os pais e responsáveis pudessem retirar atividades e materiais pedagógicos impressos na escola. Já 91% disseram ter criado grupos em aplicativos ou redes sociais, como WhatsApp ou Facebook, para se comunicar com os alunos ou pais e responsáveis.
Em 62% das escolas, a parceria com líderes comunitários para comunicação com as famílias, e o envio de materiais didáticos aos alunos foram medidas adotadas. Tal estratégia é citada em maior proporção por escolas rurais (71%) e entre as escolas localizadas em municípios do interior (63%).
Outro recurso digital bastante utilizado para atividades pedagógicas foram as aulas em vídeo gravadas e disponibilizadas aos alunos, aplicada em 79% das escolas. O uso deste recurso apresentou menores proporções em escolas das regiões Norte (49%) e Nordeste (77%), em escolas localizadas em áreas rurais (59%).
O uso de plataformas virtuais de aprendizagem durante a pandemia foi bastante citado por escolas estaduais (80%) e particulares (75%), percentual esse que entre as escolas municipais foi de 42%. Escolas localizadas em áreas urbanas (70%) também apresentaram proporções mais altas de uso destes recursos. De acordo com a edição 2019 da pesquisa, apenas 28% das instituições escolares urbanas possuíam ambiente ou plataforma virtual de aprendizagem.
Acesso à Internet
Segundo a TIC Educação 2020, 82% das escolas possuem acesso à Internet, percentual que sobe a 98% entre as escolas localizadas em áreas urbanas e fica em 52% entre as escolas localizadas em áreas rurais. Por dependência administrativa, as escolas particulares (98%) e estaduais (94%) apresentam maiores proporções em comparação com as escolas municipais (71%).
Escolas com menor número de alunos matriculados também apresentam menores proporções de acesso à rede: 69% entre aquelas que possuem de 51 a 150 matrículas e 55% entre as escolas com até 50 matrículas.
Falta de equipamentos de informática nas escolas também é desafio
No que diz respeito à presença de dispositivos digitais, grande parte das escolas possuem computadores de mesa (91%) ou computadores portáteis (79%) em funcionamento. Já a presença de tablets nas escolas é menor: 21% das escolas contam com este tipo de dispositivo em funcionamento.
Tais dispositivos estão menos presentes nas escolas localizadas em áreas rurais (76% delas possuem computador de mesa e 65% possuem computador portátil, 37% não contam com nenhum dispositivo). Mais da metade das escolas receberam computadores novos nos últimos cinco anos (57%), sendo que em 23% das escolas os dispositivos foram atualizados há menos de um ano.
“O grande desafio é garantir a disponibilidade de dispositivos digitais para uso pedagógico, tanto no que diz respeito à presença de equipamentos quanto à quantidade e condição de conectividade desses dispositivos”, explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
Entre as escolas municipais, 46% não possuem nenhum computador de mesa e 44% nenhum computador portátil para uso dos alunos, enquanto somente 22% delas possuem mais de seis computadores de mesa disponíveis para uso pedagógico, e 6% mais de seis computadores portáteis.
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