
A última vez que Jack Ma, fundador e CEO da Alibaba, apareceu publicamente foi em 24 de outubro, data que ficou marcada por críticas que ele fez a aos sistemas regulatórios adotados pelo governo chinês. De lá para cá, o executivo, que adorava se apresentar em eventos públicos e tinha até criado um programa de TV, não deu mais as caras.
Para Vivaldo José Breternitz, professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a discrição adotada por Ma é uma forma de evitar retaliações do regime chinês. Após suas críticas, a Alibaba sofreu investigações antitruste e perdeu 8% em seu valor na Bolsa de Hong Kong.
Segundo fontes do jornalista David Faber, âncora da rede de televisão norte-americana CNBC, o executivo estaria “escondido” e se calou para não atrair mais atenções do governo chinês. Ele diz que é “muito provável” que Jack Ma esteja em Hangzhou, sede da Alibaba, e que seu sumiço deve continuar por mais tempo.
O professor Breternitz crê que o governo chinês poderia realizar mais retaliações se o executivo continuasse com suas falas “rebeldes”, inclusive com ações mais graves. Além da queda na bolsa, a Alibaba sofreu com reformulação da regulação de operação para fintechs, frustrando o IPO da Ant Group, empresa de tecnologia financeira filiada à Alibaba, que estava avaliada em cerca de US$ 34 bilhões.
Além disso o grupo, que é dono da Alipay, maior plataforma de pagamentos digitais do país, foi forçado a reduzir suas operações por conta de supostas falhas em seus processos de governança corporativa, lembra Breternitz.
Mesmo com as ações da China, as perdas financeiras não devem ser sentidas pela Alibaba. O professor explica que, diante dos resultados financeiros da empresa, a recuperação deve vir de forma rápida. Além disso, ele desconsidera a possibilidade de que a repressão do regime chinês possa impactar na saída de empresas de tecnologia da China. “A China oferece um conjunto de vantagens que as empresas não teriam em outro país, como mão de obra barata e bem preparada, além de apoio do governo. Desde que não o critiquem, lógico”, afirma Breternitz.
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