Para Brasscom, número de formandos não é suficiente.
O sistema educacional brasileiro é uma das áreas mais críticas para a evolução do mercado de telecomunicações e tecnologia da informação no País, segundo estudo divulgado nesta quarta-feira (4) pela Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, a Brasscom. Problemas como falta de mão de obra qualificada, decorrentes da evasão nos cursos de tecnologia e da falta de interesse por essas carreiras, além do baixo investimento do setor público em matemática e ciências na educação básica, prejudicam a indústria brasileira de TIC.
Na 5ª edição do estudo, referente ao ano de 2010, o País obteve pontuação 6,75 (de 10) no Índice Brasscom de Convergência Digital (IBCD). O Índice mede a evolução das TICs no mercado brasileiro, além de aspectos de inovação, convergência e os desafios para seu crescimento. Em 2008, a pontuação do País no mesmo estudo foi de 5,85, o que reflete evolução no setor. No entanto, ainda há desafios que precisam ser superados, principalmente nas áreas de educação (dimensão que obteve o baixo índice de 5,75), inclusão digital (6,21) e conectividade (7,63).
O presidente da Brasscom, Antonio Gil, ressaltou o potencial futuro do mercado brasileiro de TIC, que hoje ocupa a 7ª posição no ranking mundial. “Nossa previsão é que o Brasil ocupe o 4º ou 5º lugar como maior mercado do mundo em 2020, movimentando entre US$ 150 bilhões e US$ 200 bilhões. Mas o País precisa trabalhar nas áreas críticas para ocupar uma parcela significativa do crescimento e se tornar, de fato, competitivo.”
Para alcançar esses números, no entanto, é necessário ter pressa na resolução dos problemas do País. “Houve um crescimento significativo, mas ainda não é o suficiente para acompanhar as mudanças e tendências globais”, diz Nelson Wortsman, diretor de infraestrutura e convergência digital da Brasscom.
Na área de educação, por exemplo, a Brasscom estima que faltem hoje no mercado nacional cerca de 75 mil profissionais na área de TIC. A entidade estima que a carência é decorrente da falta de estímulo ao ensino básico no País, principalmente nas áreas de matemática e ciências. No ensino superior, apesar do crescente aumento no número de vagas oferecidas, 80% delas são preenchidas e só 15% dos egressos concluem seus cursos.
“A evasão é o nosso grande problema”, diz Wortsman. “Boa parte dessas vagas é oferecida em locais em que não há demanda, havendo uma desconexão entre as necessidades do mercado e a formação oferecida.” Além disso, apenas 11% dos egressos no ensino superior brasileiro são das áreas de ciência e engenharia, enquanto na China esse número chega a 39%. “Em suma, o número de formandos não atende a necessidade do País”, diz.