Mário Sergio Rachid, diretor executivo de soluções digitais da Embratel, informa que a companhia quer atuar sob o conceito de multicloud, em parcerias com gigantes como Amazon, Microsoft e Google. Ele também antecipa que terá espelho ou nova instalação no Brasil do Centro de Segurança, hoje instalado no México.
Apesar da crise econômica do país e do baixo desempenho do setor de telecomunicações, a Embratel se mantém otimista. O grupo América Móvel, ao qual a operadora está ligada juntamente com a Net e com a Claro, passou por uma profunda reformulação, cabendo à Embratel assumir integralmente os serviços corporativos. Hoje, a empresa opera sobre o tripé mobilidade, conectividade e TI, este último de melhor desempenho em 2016 e com fortes perspectivas de crescimento no próximo ano, em especial no item segurança.
Nesta entrevista exclusiva para o IPNews, concedida durante o Gartner Symposium/ITXpo 2016, em São Paulo, Mário Sergio Rachid, diretor executivo de soluções digital da Embratel, traça o atual perfil da companhia e antecipa alguns planos para 2017. Acompanhe os principais trechos.
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Qual é o atual posicionamento da Embratel?
A Embratel hoje é 100% focada no ambiente corporativo. Só vendemos para empresas – pequenas, médias e grandes, mas sempre corporações. Dentro deste aspecto, a Embratel tem três grandes pilares: conectividade, mobilidade e TI.
Para crescer e não ficar apenas nos aspectos que estão cada vez mais virando commodity, precisávamos agregar soluções e serviços a esses três aspectos. Por isso começou a conduzir a estratégia da Embratel para ser um provedor de soluções. Por exemplo, em mobilidade, não nos restringimos ao chip, mas vendemos o chip, o aparelho, a aplicação, a hospedagem da aplicação na cloud, o monitoramento da aplicação, etc. A ideia é a seguinte: se antes você tinha dúvida de quem era o culpado, agora não tem mais. Seja o que for, o problema é meu.
O “Faz um 21” perdeu importância dentro da corporação?
Não, ao contrário. O “Faz um 21” continua sendo um produto voltado para todos os mercados, mas a estratégia dele é pessoal. A América Móvel hoje está dividida em pessoal, residencial e empresarial. Tudo que é corporativo fica com a Embratel. Apesar de ainda comprar Claro, a estratégia corporativa é da Embratel. E se for pessoa física fica com a Claro.
Quantos data centers a Embratel possui?
Cinco – dois em São Paulo, dois no Rio de Janeiro e um em Brasília. Os mais recentes são do Rio e de São Paulo. Ampliamos e remodelamos um data center que tínhamos no Rio de Janeiro para atender a TI interna e que agora atende a TI e os clientes. Este ambiente foi utilizado, inclusive, para suportar a Rio 2016, E temos um outro, totalmente novo, que é o da Lapa (RJ) e que também já está sendo ampliado. O próximo passo é remodelar e ampliar o DC de Brasília.
Como está a estratégia de cloud?
Continuamos com a cloud pública e privada. E vamos trabalhar muito o aspecto híbrido, a mescla entre as duas. Em cloud pública não queremos trabalhar sozinhos. Entendemos que podemos atuar com grandes players mundiais, como Amazon, Google e Microsoft Azure. Ou seja, vamos migrar a estratégia de cloud pública para uma estratégia de multicloud.
Aí vocês passam a ser uma revenda?
Seremos parte revenda e parte provedor de solução. A capacidade de investimento da Amazon em cloud pública é muito maior do que a nossa. Eles têm uma quantidade de features, APIs e conexões que nós levaríamos muito tempo para ter. Então, cada vez mais estamos capacitando nossa cloud privada e, na cloud pública, toda vez que um cliente precisar de uma feature que eu não tenha dentro de casa e que eu gastaria uma fortuna para investir, recorremos aos parceiros. Enfim, eu forneço a parte da cloud privada e recorro ao parceiro quando for necessário agregar os recursos de uma cloud pública.
Este é um diferencial como integrador, certo?
Os players de cloud pública não têm administração, eles vendem espaço na máquina e pronto. Depois de entregue a solução, o cliente precisa gerenciar. Algo que a gente assume por completo, eu vendo cloud pública mas a gestão é minha, o cliente não precisa se preocupar. Este mercado de gestão de serviços em cloud pública hoje é ocupado por empresas pequenas, com dois ou três funcionários dedicados ao monitoramento. Nós queremos pegar este mercado de gestão de cloud para os clientes.
Essa multiplicidade de fornecedores de nuvem pública ajuda ou dificulta sua estratégia?
No aspecto de vendas ajuda muito. No aspecto de operacional, num primeiro momento, pode dificultar porque eu tenho que integrar tudo. Mas hoje temos um know-how muito grande como integrador. A nossa ferramenta de monitoração para a nossa cloud pública foi desenvolvida pensando que um dia nós poderíamos ter outros provedores integrados.
Este know-how veio com a compra da Hitss?
A Hitss trouxe o know-how de software e a gente aportou a tecnologia de monitoração. A Hitss veio com o know-how de produção de software (era uma fábrica de software e fazia a integração de grandes produtos).
Como vocês estão lidando com o conceito de transformação digital e internet das coisas?
Montado este arcabouço de soluções, agora queremos começar a participar do jogo de IoT não apenas com chip. Queremos entrar com soluções. Já temos soluções sendo testadas em alguns clientes de smart city, que a agora queremos colocar no mercado como solução.
A Embratel pretende liderar ecossistemas digitais?
Eu não diria cabeça, mas queremos participar desta festa. Transformação digital na Embratel já é uma realidade. A diferença frente as outras operadoras, é que a gente agora começa a falar sobre as soluções com mais propriedade, porque o alicerce está muito bem montado. Temos um caso de smart city que tem sido muito bem avaliado pelo cliente. Nós integramos soluções de monitoramento, de contenção de energia, segurança, videomonitoramento e carro conectado na cidade que será uma referência no nosso portfólio.
Explica a sua estratégia de segurança?
Temos um Centro de Segurança no México e teremos um espelho ou um segundo Centro de Segurança aqui no Brasil, já no primeiro trimestre de 2017. É um ambiente de ferramentas de monitoramento, que é operado por “hackers do bem”.
Por que trazer do México para cá ou espelhar?
Sob o aspecto de nuvem, ele poderia estar em qualquer lugar do mundo. Mas a gente sente que há uma preferência do cliente brasileiro por soluções que estejam no Brasil. O investimento que será feito é em posições, porque o maior aporte, em inteligência, já foi feito.
Os Jogos Rio2016 foram um marco dentro da Embratel?
Sem sombra de dúvida, tanto pela complexidade quanto pelo investimento. Fizemos uma antecipação de investimento para atender a Rio2016 que nos coloca à frente da concorrência, em alguns aspectos.
Destes serviços todos, qual se destaca em termos de receita e demanda?
IT service e segurança foram os dois serviços de maior crescimento em 2016. Para 2017, apostamos ainda mais em segurança. Você vai nos ouvir cada vez menos falando em serviços e mais em solução.