
Segundo o IBGE, a produção industrial caiu 1,3% em março no mês a mês, pior resultado desde setembro de 2018. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a queda foi de 6,1%. Na visão de Alexandre Weisheimer, especialista na área industrial da Cigam, fornecedora de software de gestão empresarial, a falta de investimentos em tecnologia é um dos principais fatores da produção industrial perder cada vez mais seu fôlego.
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Para ele, a indústria precisa de investimentos urgentes em tecnologia. “A perda de competitividade em relação aos países que competem diretamente com o Brasil é cada vez maior. Estamos passando por um período de agressiva transformação digital e o principal sintoma desta falta de infraestrutura em TI é a queda de produtividade”, afirma Weisheimer.
De acordo com o mais recente levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mais da metade da indústria brasileira está atrasada na corrida tecnológica. A pesquisa revela que 14 dos 24 segmentos do setor estão defasados em relação aos rivais globais na adoção de tecnologias digitais.
“Não é só uma questão de incentivos do governo, ou desoneração fiscal, que também é importante, claro. Será necessário um redesenho estratégico em conjunto por parte dos players que tenha plena consciência que, sem investimentos consistentes em tecnologia, está em risco a sobrevivência do setor industrial”, avalia Weisheimer.
De acordo com o especialista ainda há muito o que ser explorado em tecnologia como robôs autônomos, sistemas integrados, cibersegurança, computação em nuvem, Internet das Coisas, produtos diversos, impressão 3D, realidade aumentada e Big Data.
Para ele, essas ferramentas inovadoras estão disponíveis no mercado e, muitas delas, acessíveis até mesmo para o pequeno empresário. “Com planejamento e buscando bons fornecedores, é possível remodelar processos e aumentar a produtividade das companhias com investimentos que cabem dentro do orçamento”, diz.
Indústrias não estão preparadas para o Bloco K
O Bloco K foi disciplinado pela Receita Federal desde 2016 e nele fica definido que estabelecimentos industriais, ou a eles equiparados pela legislação federal, e os atacadistas deverão informar seus estoques e produção no SPED Fiscal. A normativa trata da produção e dos estoques, onde os estabelecimentos deverão informar o consumo específico padronizado, perdas normais do processo produtivo e substituição de insumos para todos os produtos fabricados pelo próprio estabelecimento ou por terceiros.
“Para garantir a conformidade com esta obrigatoriedade fiscal, as indústrias precisarão automatizar processos e digitalizar sua gestão. Quando falamos de Bloco K, a conta da falta de investimentos em TI não chega só pela queda de produtividade, ou competitividade, já estamos falando de multas e retrabalhos para se estar em ordem com questões fiscais, que deveriam ser o básico”, salienta Weisheimer.