Internet

Evento de Governança da Internet pode reservar grandes mudanças

Começando pelo Marco Civil da Internet, já sancionado pela presidente Dilma Rousseff.

Na prévia do NetMundial, evento que discute a Governança da Internet, em São Paulo, a partir dessa quarta-feira (22), alguns representantes do setor de telecomunicações do Brasil e do mundo falaram sobre suas expectativas com o evento – que logo na abertura, teve o Marco Civil da Internet sancionado pela presidente Dilma Rousseff.

Presidenta sanciona o Marco Civil da Internet

Com o projeto que finalmente saiu do papel e virou lei, a neutralidade de rede se torna obrigatória para as operadoras. Eduardo Levy, diretor executivo do SindiTelebrasil, afirmou que a entidade defende a neutralidade, desde que não prejudique os negócios das telcos. “O assinante deve ter sua liberdade preservada, mas qualquer modelo de governança deve garantir a sustentabilidade da rede e dos negócios”, declarou.

Franco Barnabé, ex-presidente da Telecom Italia, disse, com convicção que o “evento impactará o futuro da internet”, e considerou positiva a visão e iniciativas do Brasil para defender a privacidade de dados dos usuários.

Ele comparou a forma como os dados são tratados pelos Estados Unidos, Europa e pelo resto do mundo, chegando a conclusão de que a política norte-americana não preza o direito à privacidade que os outros governos mundiais tanto defendem. “Na Europa, é uma questão de direito pessoal”, ressaltou, e também analisou a quantidade de volume de dados pessoais coletados diariamente por empresas é “algo crítico”, pois não se sabe ao certo para que essas informações serão usadas. O executivo também considerou as diversas ameaças na rede como um problema para a internet de hoje. “É importante manter a internet livre e aberta. Os Estados Unidos estão fazendo um bom trabalho para mantê-la aberta, mas a posição do governo deles é um ponto de discussão aqui”, e lembrou que essa discussão também deve ser técnica.

Para Robert Pepper, da Cisco, é preciso ter equilíbrio ao defender o usuário e a sustentabilidade dos negócios. “A internet, quando foi criada, foi para trazer inovação. Ela não é tão regulada quanto o setor de telecomunicações”, e, sobre segurança da informação, ressaltou que os equipamentos fabricados pela empresa são seguros e não deixam ‘brechas’ para vigilância de governos; Christopher Steck, que representa o setor de telecomunicações na Europa, e é gestor na Telefónica, afirmou que o governo brasileiro tem feito um bom trabalho, pois após as denúncias de espionagem, as pessoas ficaram preocupadas, e no cenário onde a mobilidade ganha um espaço nos países emergentes, isso é considerado positivo – mas ainda existe muito por fazer:  “as economias emergentes estão usando mais o mobile, mas ainda existem gargalos com novas aplicações e plataformas e futuros usuários”, lembrou.

Também presente na prévia do evento, Maximiliano Martinhão, secretário de telecomunicações do MiniCom, lembrou que o NetMundial além de discutir a governança na internet irá considerar os direitos humanos, estrutura das telecomunicações e os padrões técnicos, e ressaltou que o valor que o país gasta para usar dados – que passam pela infraestrutura de outros países – é caro, e o valor,  repassado aos usuários finais.  “O Brasil gasta US$ 600 milhões para carregar tráfego para o núcleo da rede, e o usuário paga isso sozinho”, e comentou sobre as expectativas positivas do Brasil em relação ao evento que começa hoje. “É um evento setorial, que reunirá a comunidade global. Serão destacadas questões dos usuários e de quem faz a governança na internet”. O secretário também defendeu a construção de data center no País, como uma forma de reduzir custos e manter mais seguros os dados dos brasileiros.

Newsletter

Inscreva-se para receber nossa newsletter semanal
com as principais notícias em primeira mão.