
“Não existe anonimato nos dados.” Foi assim que Rita Sallam, vice-presidente de análise de dados do Gartner começou sua fala na coletiva da Conferência Gartner Data & Analytics 2019, realizada hoje em São Paulo (SP). A executiva explica que a inteligência artificial (AI) evoluiu a tal ponto que ela é capaz de reconhecer uma pessoa a partir de curtidas em redes sociais. “Com dez likes, ela sabe mais sobre uma pessoa que seu colega de trabalho. Com 300, mais que seu cônjuge”, explica.
Com a inteligência artificial (AI), Internet das Coisas (IoT) e a digitalização dos negócios, é virtualmente impossível garantir a privacidade, diz a consultora. Por isso, as empresas que capturam dados de seus clientes devem se tornar o que Rita chama de “guardiãs de dados”. “Com esse papel, podemos garantir que nossos usuários tenham todas as informações que precisam, mas apenas sobre aquilo que precisam”, diz.
Para ela, é preciso proteger a privacidade e ir além do que é legalmente obrigatório, para respeitar as expectativas dos clientes. “É preciso fortalecer o relacionamento através da transparência das empresas. Como capturam dados, como são utilizados. E essa responsabilidade de líderes de análise de dados nas empresas”, afirma.
Já no contexto das legislações que começam a ser desenvolvidas para garantir a privacidade de dados, Donald Feinberg, também vice-presidente de análise de dados do Gartner, diz que o software será a primeira linha de defesa das empresas. “A inteligência artificial pode garantir a integridade dos dados”, afirma.
O problema para ele é que as empresas brasileiras tendem a não se preocupar com isso agora, tendo em vista que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) só entra em vigor em agosto de 2020. “Os desafios devem ser encarados como oportunidades. Se antes, as empresas (de todo mundo) não se preocupavam muito com os dados, hoje elas criaram times para extrair e analisá-los. O mesmo tem sido feito para garantir a segurança dos dados”, explica ele, que espera que a tendência seja seguida no Brasil.