Tíquete médio em compra de dispositivos inteligentes subiu quase 30% no ano passado. Dólar alto e mercado mais maduro influenciam mudança.
Mesmo em meio à crise econômica que assola o país desde o ano passado, os brasileiros vêm gastando mais na hora de comprar um smartphone novo, de acordo com a IDC Brasil. E o dólar alto não é o único responsável por isso – como a Lei do Bem só deixou de valer (temporariamente) em janeiro, acabou não influenciando neste aumento.
Segundo dados da consultoria, o gasto médio dos brasileiros com smartphones cresceu 27% entre 2014 e 2015, quando subiu de 750 reais para 880 reais.
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Além disso, os dispositivos móveis com preços de até 700 reais deixaram de ser maioria no mercado local, caindo de 59%, em 2014, para 44%, no ano seguinte.
Já os celulares inteligentes mais caros viram sua fatia crescer neste período, com os aparelhos com valores entre 700 reais e 1300 reais subindo de 31% para 44%. Os aparelhos acima deste preço registraram alta de 10% para 12% em sua participação no ano passado. Por fim, os chamados smartphones premium, com preços acima de 3 mil reais, responderam por 3% das vendas em 2015, ante apenas 1% no ano anterior – esses produtos, por sinal, são muito mais lucrativos para as fabricantes.
Mudança de comportamento
Segundo o analista da IDC Brasil, Diego Silva, os motivos para esse gasto maior na compra de smartphones vão além da alta do dólar no país e incluem também o fato do mercado local estar mais maduro.
“Com a explosão do dólar ficou realmente inviável trabalhar com preços menores, mas estamos tendo sim uma mudança de comportamento no consumo, muito por conta do aumento da base instalada de celulares do país”, explica o especialista.
Em 2015, por exemplo, 65% dos usuários brasileiros já tinham comprado o seu primeiro smartphone. “As fabricantes enxergaram uma oportunidade nestes usuários que já tinham o primeiro smartphone e estavam indo para o segundo. Porque esse consumidor começa a perceber e dar valor a algumas funções técnicas que influenciam no preço do aparelho. Dificilmente você vai comprar o segundo aparelho inferior tecnicamente ao primeiro. Por isso, os segundos acabam sendo mais caros e o cliente acaba pagando um pouco mais e vê valor nisso.”
Crise?
Para a IDC, o consumidor gasta com o smartphone independentemente da crise. “O smartphone não é um device com apenas uma utilidade. Para o brasileiro, também é um simbolo de status. E as facilidades de pagamento, como parcelamento em diversas vezes, contam bastante.”
Em queda
Apesar de o gasto ter aumentado, a venda por unidades vem caindo no Brasil. Em 2015, por exemplo, foram vendidos 47,2 milhões de smartphones no país contra 54,5 milhões no ano anterior.
Para 2016, a previsão é que esse número caia ainda mais e fique na casa das 42,9 milhões de unidades, segundo previsão feita recentemente pela IDC.
Segundo a consultoria, o mercado deve voltar a registrar crescimento apenas em 2017. A mudança deve começar já no último trimestre de 2016, inclusive, quando as vendas podem fechar no azul.