No final de julho deste ano, três provedores de Internet (ISPs) abriram capital na bolsa de valores da B3. Foram a Desktop, Unifique e Brisanet que, juntas, alcançaram valor de mercado de ultrapassa R$ 2,7 bilhões. O movimento é mais um passo na consolidação do setor e mostra um processo de maturidade que vai trazer transformações para o mercado de banda larga.
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A primeira novidade é que os provedores regionais estão ganhando maturidade. Ricardo Jacomassi, economista-chefe da TCP Partners, lembra que não é qualquer empresa que consegue abrir seu capital. “É necessário ter escala e musculatura para crescimento, além de um bom número de clientes e infraestrutura. Por fim, é necessário governança (para trazer confiabilidade à empresa)”, explica.
Como resultado, estes provedores ganham mais recursos para crescer e, no processo, devem acabar adquirindo ISPs menores, de acordo com os especialistas de mercado. “A preocupação é com o provedor menor, com até 15 mil clientes, que vai sofrer com a competição”, comenta Jacomassi. Segundo ele, essas empresas não contam com gestão profissionalizada e governança, tendo problemas de crescimento.
“O IPO de provedor força uma tendência que vai fazer com as que empresas que não abrirem ações na bolsa fiquem pelo caminho ou sejam adquiridas pelos maiores”, afirma Luis Sales, estrategista-chefe da Guide Investimentos. A expectativa é que isso se torne uma oportunidade para que estes provedores menores se abram para uma aquisição.
Potencial de mercado dos ISPs
Ainda segundo Sales, é prevista a entrada de mais uma empresa do setor que protocolou seu IPO, que é a Vero Internet, que espera abrir suas ações em setembro e captar R$ 1 bilhão em recursos. Os números são altos devido ao interesse do mercado nessas empresas, principalmente após o reconhecimento da importância de acesso à Internet após a pandemia.
O retorno de investimento também é alto. Jacomassi, da TCP Partners, aponta que o valor é acima da média do mercado de ações, enquanto os ISPs mostram crescimento de 15% a 20% ao ano. Além disso, a demanda por infraestrutura banda larga ainda é alta no Brasil e a chegada do 5G pede por mais rede de fibra óptica, o que valoriza o ativo dos provedores e abre mais espaço para crescimento.
O especialista da Guide, no entanto, não acredita que muitas outras empresas do setor entrem na bolsa, já que a maioria ainda tem pouca capilaridade. Para as que conseguirem o IPO, as oportunidades de crescimento orgânico serão grandes e poderão deixar de ter atuação local para ganharem mais escala.
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