Streaming aumenta demanda de rede no mundo.
O site americano de streaming de filmes e programas de tevê Netflix já é a maior fonte de tráfego de internet nos EUA, segundo pesquisa. Os dados, coletados pela empresa de monitoramento de rede Sandvine, mostraram que em março o site foi sozinho responsável por 29,7% do tráfego de downstream em horários de pico. Mais do que a navegação na web ou compartilhamento de arquivos.
Especialistas alertam que, com a tendência crescente, os provedores de internet terão de fazer atualizações dispendiosas para satisfazer a demanda. Mesmo fora dos horários de pico, o Netflix foi responsável por uma quota média de tráfego de 22% ao longo de um período de 24 horas.
O relatório da Sandvine sugere que o entretenimento em tempo real – streaming de áudio e vídeo – “continua sua jornada para o domínio de rede” e é responsável por 49,2% do tempo de congestionamento da internet nos EUA. Isso representa um aumento de 44% desde 2010. Pesquisadores alertaram que, nesse ritmo, o Netflix vai representar de 55% a 60% de todo o tráfego até o fim do ano.
Europa
Na Europa, o streaming responde por 33,2% do tráfego de internet, percentagem que está aumentando nos últimos três anos. O Netflix não está disponível no Reino Unido, mas a Sandvine disse que o BBC iPlayer – o maior site de streaming de conteúdo comercial no país – tem uma quota de 6,6% do tráfego.
O YouTube continua o maior site de streaming de vídeo do mundo, mas o serviço do Google hospeda vídeos curtos e de qualidade inferior. Ou seja, com tamanhos de arquivos pequenos e menor largura de banda consumida.
A alteração dos padrões de consumo representa um grande desafio para os provedores de internet, que podem sofrer com a demanda resultante de grandes eventos ao vivo, como a Copa do Mundo.
Simon Davies, cofundador do provedor britânico IDNet, disse que os provedores não estavam preparados para receber o conteúdo das emissoras de TV. “O problema vem com eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, em que temos demandas instantâneas”, disse. “É muito difícil projetar uma rede que suporte um tráfego quatro vezes maior quando há uma ‘enxurrada’. Os Jogos Olímpicos serão um problema.”
No passado, os provedores lidavam com tráfego pesado retardando outros serviços, como compartilhamento de arquivos. “O problema com o conteúdo em tempo real, como filmes ou conteúdos para televisão – em especial se forem ao vivo – é que você não pode fazer isso, porque a experiência do usuário piora”, explica Sebastien Lahtinen, do ThinkBroadband.com.
Um porta-voz da Associação dos Provedores de Serviço de Internet disse que a indústria reconhece os desafios. “Os provedores estão cientes desse problema e gerenciam suas redes de forma adequada para lidar com conteúdo de alta qualidade e continuar a investir na modernização de suas redes para aumentar a capacidade.”
Os provedores também oferecem uma série de pacotes para atender os usuários que necessitam de serviços com alta largura de banda. “O mercado de banda larga do Reino Unido é extremamente competitivo e continua a oferecer o melhor serviço possível para o usuário final.”
Entretanto, Lahtinen diz que a demanda por serviços de banda larga está crescendo rapidamente, e que os provedores menores podem ter dificuldades para investir na velocidade necessária para manter um bom serviço. “Um provedor crescendo rápido, mas que evita despesas muito grandes até que elas sejam absolutamente necessárias, estão mais propenso a ter esses problemas”, disse.
* com agências internacionais