Dados da Teleco mostram que as operadoras móveis virtuais (MVNOs) cresceram 34% em número de assinantes em 2023, com 4,9 milhões. A questão é que a maior parte desses clientes são terminais M2M, que representam 86% da base – os smartphones que pertencem a pessoas físicas chegam a 690 mil apenas. Os números mostram que essas empresas não tem espaço na telefonia móvel, mas a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) acredita que pode mudar isso.
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Com a revisão do Plano Geral de Metas de Competição (PGMC), ainda em discussão pela agência, o superintendente executivo da Anatel, Abraão Balbino e Silva, acredita que é possível promover a participação de MVNOs e provedores regionais na telefonia móvel. Ele participou do MVNOs Brasil Summit 2024, webinar realizado hoje (24/4) pela Teleco.
De acordo com ele, a regulação das operadoras foi pensada para permitir que elas fossem complementares ao serviço de telefonia móvel. “Não era para aumentar a competitividade, mas atuar em mercado de nicho”, explicou ele, que é o que acabou acontecendo. “O novo PGMC deve resolver isso e corroborar com o objetivo da Anatel de promover mais modelos de negócio no setor de telecom.”
Isso é importante para a Anatel porque o mercado de telefonia móvel hoje está bastante concentrado, principalmente depois da venda da Oi Móvel. “Uma MVNO dificilmente vai conseguir competir por questão de escala de produção”, diz ele, que argumenta que o movimento fez as operadoras aumentarem seus preços e a rentabilidade.
Dados do mercado de MVNO
Eduardo Tude, presidente da Teleco, apresentou dados da consultoria de telecom sobre o mercado de operadoras virtuais. Segundo ele, essas empresas só foram crescer em 2020 com o surgimento das agregadoras, como Datora, Surf e Americanet (atualmente Vero).
A Datora é a maior do setor, com 2,4 milhões de assinantes, praticamente todos M2M. Já a Surf conseguiu aumentar a relevância de seus clientes pessoa física, que representam quase a metade do total de assinaturas, que é de 894 mil. As MVNOs representam 20% de todo o mercado móvel de M2M.
De acordo com Tude, o tamanho do Brasil e a proibição de roaming permanente é o que estimula a presença de MVNOs no mercado do IoT. Com o novo padrão da GSMA para o eSIM, o mercado de Internet das Coisas (IoT) deve crescer ainda mais, o que apresenta uma oportunidade ainda maior para as MVNOs.
Já na PF, Tude acredita que há um enorme espaço para operadoras virtuais, tanto para ISPs que querem complementar seu portfólio com uma oferta móvel quanto para operações em nichos de mercado.
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