*Por Daniela Bottai
De acordo com uma recente pesquisa, os pagamentos realizados pela internet por meio de autenticação biométrica terão um crescimento de 365% até 2027 quando comparado à previsão de 2022 e podem chegar a movimentar US$1,2 trilhão no mundo inteiro.
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Estamos apostando que a autenticação biométrica irá revolucionar, mais uma vez, todo o setor financeiro e, em pouco tempo, se tornar tão popular no Brasil quanto o pix. O mercado global de pagamentos biométricos deve crescer cerca de 62% até 2023 e deverá movimentar US$9,8 trilhões no mundo até 2026. E o Brasil leva vantagens em relação a outros países uma vez que o brasileiro, culturalmente, tem facilidade em assimilar novidades tecnológicas – haja visto a ampla utilização do PIX rapidamente.
Depois do sucesso do PIX, penso que muito mais inovações tecnológicas estarão a caminho mais rapidamente, principalmente porque nosso sistema financeiro é muito mais seguro se comparado a de outros países. Além disso, nosso setor bancário já é muito digitalizado e temos um grande número de desenvolvedores capacitados. Em pouco tempo, teremos soluções cada vez mais seguras e democráticas.
O uso da autenticação biométrica irá facilitar a vida dos consumidores não só para o pagamento de compras e movimentação financeira, como também em outros aspectos da vida cotidiana. Na China, por exemplo, a autenticação biométrica já é utilizada para o pagamento no transporte público.
Na linha do Aeroporto Internacional de Pequim-Daxing, os passageiros podem fazer scan da palma da mão para andarem de metrô, bastando registrarem em sensores instalados nas máquinas que vendem bilhetes, ligando essa informação ao seu número de celular e identificação, através de um programa do WeChat Pay. A passagem só é cobrada quando ele completar seu trajeto. Não é mais preciso celular e nem cartão de crédito.
Nos últimos anos, a China tem apostado alto em criar formas de pagamentos biométricos como o reconhecimento facial ou da íris, entre outros exemplos. A grande questão é que lá não há uma discussão sobre violação dos direitos à privacidade de seus cidadãos.
Aqui no Brasil, tal método está sendo implantado pela Justiça Eleitoral brasileira para coletar dados biométricos de eleitores e está sendo adotado para compor os dados do Registro Único de Identidade Civil, o RIC, documento em que a carteira de identidade, o CPF, a Carteira Nacional de Habilitação e o título de eleitor serão unificados em apenas um número para cada cidadão.
O filósofo italiano Norberto Bobbio batizou nossa era em computadorcracia. Para um governo democrático, as tecnologias podem contribuir muito para a administração das coisas públicas. Mas também podem servir aos interesses do Estado.
“Nenhum déspota da antiguidade, nenhum monarca absoluto da Idade Moderna, apesar de cercados por mil espiões, jamais conseguiu ter sobre seus súditos todas as informações que o mais democrático dos governos atuais pode obter com o uso dos cérebros eletrônicos.” Norberto Bobbio em o futuro da democracia.
Para ao avanço em massa das soluções em biometria é necessário, antes de tudo, discutir amplamente com a sociedade civil brasileira.
Me aprofundarei um pouco mais sobre os avanços da biometria no uso de pagamentos e os cuidados com a privacidade e segurança dos dados biométricos dos usuários (LGPD). Até lá! *Daniela Bottai é diretora de Auditoria Interna no Grupo Itaú Unibanco, liderando as áreas de Tecnologia, Operações e Unidades Internacionais..
Este artigo é de total responsabilidade da autora, não representando, necessariamente, a opinião do Portal IPNews.
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