
Para Eduardo Neger, diretor-presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet), o modelo de leilão da frequência do 5G apresentado mês passado, com um espectro separado para pequenos provedores e novos entrantes, foi algo histórico. Dessa forma, ele acredita que os pequenos provedores de Internet (ISPs) vão poder participar do mercado do 5G e levar a tecnologia para o interior do País. Confira a entrevista.
Para entender o leilão de frequências do 5G:
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PORTAL IPNEWS: Qual a opinião da Abranet sobre o edital do leilão de frequências do 5G anunciado pela Anatel?
Eduardo Neger: Pensando nos leilões, são diversas faixas de frequências. Vamos começar pela faixa dos 700 MHz, que inicialmente se tinha o entendimento de que era a faixa que sobrou no leilão anterior. Por que não essa separar parte dessa faixa para o provedor também?
O ideal era destinar uma frequência específica para essas empresas (ISPs). Com a diminuição das áreas de concessão, que no edital são 14, você abre mais espaço, assim como a possibilidade de criar consórcios. Com certeza, todas as áreas vão ter operadores regionais disputando.
No leilão dos 3,5 GHz, a Anatel separou 50 MHz, algo histórico. A gente entende que isso foi importante, mas pode-se discutir detalhes, como mais banda, regras, etc. No geral, pode ser que, no futuro, todo espectro que for disponível abra competição para todo mundo.
PORTAL IPNEWS: Qual as possibilidades de negócio para o ISP com o 5G?
EN: A gente enxerga o 5G como mais um dos elementos para se prover o serviço de conectividade, tanto para pessoas quanto dispositivos de Internet das Coisas (IoT). Assim como os provedores regionais hoje usam a fibra óptica, o 5G vai possibilitar uma conectividade de alta velocidade sem fio. É importante para as empresas do setor.
Para o ISP, que já conta com fibra espalhada nos postes, o backhaul já está pronto, só falta colocar uma antena e o 5G já está praticamente pronto. Claro que ele vai ter que ter um business plan tem que ter uma aplicação para fechar a conta.
Muitos provedores também entendem que podem se tornar o fornecedor de fibra daquele que for prestar o serviço de 5G. Já estão se preparando para ser o provedor de infraestrutura.
PORTAL IPNEWS: O modelo do leilão do 5G para os ISPs foi justo? O volume de 50 MHz é muito para um pequeno operador comprar?
EN: No nosso ponto de vista, não pode fechar portas. Temos ISPs enormes que são casos de sucesso em cidades que nunca ouvimos falar. O volume de espectro tem que ser esse mesmo, porque o cliente do ISP já está acostumado com a velocidade da fibra, precisa ter essa banda.
PORTAL IPNEWS: A regra de consórcio vai ajudar nesse ponto?
EN: As áreas são do tamanho de um Estado, o que demanda a união de seis ou sete provedores para atender. Isso viabiliza a participação de mais empresas. Também favorece a competição entre eles, porque a tendência é que os consórcios sejam formados por ISPs que atendem diferentes áreas, forçando a criação de consórcios concorrentes.
PORTAL IPNEWS: As regras de compromisso já anunciadas para essa faixa são boas?
EN: São ótimas. A grande dificuldade dos ISPs é o acesso ao crédito. Quando se fala que um porcentual vai ser para comprar a frequência e outro para investimento (proposta atual prevê que valor do espectro será 10% de compra e 90% de investimento), é o melhor cenário, porque o ISP já conhece muito bem seu cenário de atuação e a possibilidade de erro é menor.
PORTAL IPNEWS: Qual a opinião da Abranet sobre a promulgação da reforma na Lei Geral de Telecomunicações?
EN: Nossa principal preocupação é o mecanismo dos bens reversíveis e como isso vai ser remunerado para a União, se vai virar investimento. Na questão da legislação, uma ou outra divergência, mas a preocupação é onde as operadoras vão investir com recursos públicos para que não entre em conflito em áreas onde ISPs já investiram com seu próprio dinheiro.
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