Negócios

Para atrair recursos para ISPs, boutique de investimento recorre a fundos de capital e fusões com concorrentes

O provedores de Internet (ISPs) tem o desafio de investir em infraestrutura em um mercado que enxerga seu serviço como commodity. Consumidores demandam por dados, o que exige maior investimento em rede ao mesmo tempo em que o preço do serviço diminui devido à concorrência. Para ajudar, o desempenho econômico do País está em baixa o que faz da ajuda através de políticas públicas algo complicado.

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É nesse contexto que a Vispe Capital, boutique de investimentos da IPv7, atua. A empresa aproxima ISPs a fundos de investimento para aumentar seus recursos e crescer. Para isso, a Vispe formula uma tese de investimento para o provedor, ou seja, um plano de negócios mostrando para que os recursos serão utilizados e montando toda a apresentação para o fundo de investimento. Caso o negócio dê certo, a boutique leva uma porcentagem dos recursos injetados.

Esse processo, que Droander Martins, diretor da Vispe Capital, chama de “arrumar a noiva”, já rendeu mais de R$ 200 milhões captados nos últimos dois anos. A boutique, que faz parte da IPv7, utiliza como atrativo duas vantagens do ISP: a recorrência mensal do faturamento, a partir das assinaturas dos clientes, e da infraestrutura já montada.

Um exemplo desse negócio foi o que aconteceu com a Fly Fibra, provedor que atua no Mato Grosso. Em 2018, após uma auditoria interna que arrumou processos e até mesmo a engenharia de projetos, a Vispe encontrou um fundo de investimento – privado e nacional.

“O investimento nos ajudou, num primeiro momento, a aumentar nossa cobertura”, diz Uilian Ted, CEO da Fly Fibra, que não quis comentar sobre valores do investimento ou o nome do investidor. “Mas a real intenção é usar esse aporte para desenvolver novos produtos e serviços, como o uso de Internet das Coisas no agronegócio.”

Os desafios do investimento

Martins, da Vispe Capital, explica que o desafio é encontrar provedores que sejam atrativos para fundos de investimento. “Os fundos querem investir em ISPs que faturam na faixa de R$ 4 a 5 milhões por mês. A maioria chega a R$ 1,5 milhão”, diz. Nesses casos, a Vispe recorre a outra estratégia: fusões entre empresas.

“Nós reunimos dois ou três provedores de uma mesma região e propomos a fusão entre eles”, diz. A operação traz vantagens de diminuição de custos operacionais, como aluguel de postes, e une receitas, atraindo capital. Outra opção é encontrar fundos de investimento que estão procurando provedores “consolidadores” no mercado, aportando dinheiro nesse ISP para que ele compre outros provedores e fique de um tamanho mais atrativo.

Outro desafio está nos ISPs que preferem se manter no Simples, um regime tributário mais leve para empresas que não faturam tanto. “Vários provedores acabam abrindo diversos CNPJs para se manterem no simples, o que gera um passivo muito grande. Fundos evitam investir em empresas assim, pois há riscos nessas operações por falta de organização tributária”, diz Martins. “A Vispe está num processo de evangelização para que os provedores enxerguem que o benefício a curto prazo pode afastar oportunidade de negócios mais a frente.”

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