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Para estudantes, aulas virtuais ajudam, mas não substituem modelo de ensino presencial

Quando a pandemia de Covid-19 ganhou proporções mais graves no Estado de São Paulo, no início de março, os principais pontos de aglomeração de pessoas tiveram que ser imediatamente fechados, com escolas e universidades entre eles. A medida, tomada de forma emergencial para impedir o avanço da doença e achatar a curva de contágio, não levou em conta, no primeiro momento, como proceder com o calendário letivo. Enquanto a rede pública adiantou as férias, algumas escolas e universidades privadas têm aderido ao ambiente digital para manter os alunos estudando. Mas o que os estudantes pensam sobre isso?

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Em linhas gerais, pelo menos com os três alunos ouvidos pela reportagem, a experiência tem sido válida para manter os estudos em dia, mas não substitui as aulas tradicionais, com os colegas e o professor na mesma sala. Izabella Marciano, que cursa Publicidade e Propaganda na Cásper Líbero, conta que a faculdade adotou o modelo de aulas “ao vivo”, com os professores ministrando o conteúdo por vídeo dentro de uma sala de reunião por videoconferência.

Ela explica que as aulas prosseguem em horário normal, com todos os alunos participando. “São entre 40 a 50 alunos”, diz. Todos utilizam a plataforma Microsoft Teams, disponibilizada gratuitamente e que conta com recursos de chat para conversar com professores e colegas de sala, além de conteúdos que os próprios docentes deixam na ferramenta. Izabella diz que os alunos também conseguem subir trabalhos na plataforma e que os professores usam o calendário do Teams para apresentar o cronograma de aulas e de entrega de atividades.

O modelo adotado pela Universidade São Judas, onde Fernanda Knorpp Tirone cursa Psicologia, é próximo ao da Cásper Líbero. Ela conta que também tem aulas ao vivo no mesmo horário que tinha antes da quarentena, com os professores utilizando o Zoom ou o Google Meet. A escolha depende do professor, o que ela admite tornar “a coisa meio confusa”.

Assim como o Microsoft Teams, estas plataformas que Fernanda usa também permitem que o aluno participe da aula, com áudio e vídeo. Além disso, é possível, nas três ferramentas mencionadas, que o professor compartilhe sua tela para que os alunos vejam o que ele está fazendo, bem como exibir slides. No caso de Fernanda, ela consegue até fazer reuniões virtuais com seus colegas para realizar algum trabalho.

Outra semelhança entre o método de estudo de Izabella e Fernanda é o Google Classroom. No caso de Izabella, foi usado apenas na primeira semana de quarentena – antes da implementação do Teams – e era utilizado junto ao e-mail. “Alguns professores enviavam tarefas por e-mail, enquanto outros usavam o Classroom. Ficava confuso”, conta. Com a implementação do Teams, ela sente que ficou mais fácil. Fernanda continua usando o Classroom para entregar trabalhos e atividades, além de acessar o conteúdo que os professores enviam para a plataforma.

Já Gustavo Cerqueira, estudante do 3o ano do ensino médio no colégio Anglo Leonardo da Vinci, não conta com aulas ao vivo. Sua escola optou pelo ensino a distância “convencional” através da plataforma Moodle, com conteúdos gravados e deixando ao aluno decidir o horário em que prefere estudar. “Eu escolho o conteúdo que pretendo estudar no dia seguinte”, explica. Para os professores, cabe decidir qual conteúdo preferem utilizar na sua aula, subindo para a plataforma arquivos em Powerpoint ou videoaulas a sua preferência. “Eles têm um cronograma”, diz Gustavo.

Gustavo vê como ponto positivo a praticidade do ensino. “O professor pode diversificar o conteúdo. Minha professora de inglês disponibilizou filmes para resolvermos uma lista de exercícios”, destaca o estudante. Ele também já teve uma experiência com aula ao vivo e achou boa, “mais próximo do que a gente tinha em classe”, mas não sabe dizer se seu colégio pretende adotar o modelo.

Conectividade chega a ser problema

Os três estudantes destacaram a dificuldade em acessar as plataformas que usam quando precisam estudar. “Travava muito para entrar na reunião nos primeiros dias de aula. Como minha banda larga estava normal, talvez o problema fosse no servidor”, diz Izabella. Fernanda também destaca que o vídeo “dava umas travadas às vezes”, mas não sabe dizer se era por causa da sua conexão ou da plataforma. Gustavo afirma que o servidor era deficiente quando começou as aulas na quarentena, provavelmente por causa do número de acessos, mas que melhorou atualmente.

Aula online x aula presencial

Entre os três, fica claro a preferência pelo modelo presencial de ensino. “É pouco eficiente.  A falta contato humano e da presença do professor dificulta a passagem do ensino”, declara Gustavo. Izabella lembra da necessidade de se organizar para estudar e não deixar acumular o conteúdo. “A concentração não chega a ser um problema”, destaca ela.

Fernanda gosta da plataforma, apesar de dizer que estudar de casa a distrai mais. “O acesso ao conteúdo é mais fácil e dá mais autonomia. Poder estudar também ajuda a lidar com a quarentena”, afirma. A opinião de Fernanda também resume o que os três estudantes pensam sobre estudar pela Internet: “É melhor que cancelar o semestre e prejudicar a conclusão do curso”, afirma.

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