Revela pesquisa feita com os próprios usuários.
Os smartphones já atingiram as massas brasileiras, alcançando penetração de aproximadamente 30%, segundo a percepção dos próprios consumidores de serviços móveis no País. Essa informação faz parte da Pesquisa Consumidor Móvel, realizada pela pontomobi, do Grupo RBS, e pela WMcCann. A pesquisa, cujos dados ainda não foram totalmente divulgados, foi mostrada pelo CEO de mobilidade e internet do Grupo RBS, Fábio Bruggioni, nesta quinta-feira (19), durante o 10° Tela Viva Móvel, em São Paulo.
Foram feitas cerca de mil entrevistas online nos sete principais centros urbanos brasileiros, entre eles São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. As perguntas foram feitas em fevereiro deste ano para usuários de celular das classes A, B e C. O objetivo da pesquisa é conhecer a percepção dos próprios usuários a respeito dos aparelhos que possuem, e se a definição que a indústria faz de “smartphone” é a mesma dos usuários. “O telefone é um símbolo importante de posição social”, diz Bruggioni. “Muitas vezes o consumidor considera seu device, que possui algumas funções avançadas, um smartphone, quando na verdade a indústria o chama de ‘feature phone’”.
Para Bruggioni, segundo a perspectiva do próprio usuário, a penetração de smartphones no País é grande inclusive na classe C. “Com o avanço de aparelhos genéricos e de recursos avançados na base, existe uma linha tênue entre smartphones e aparelhos convencionais.” E mais: 40,5% dos usuários pretendem trocar de aparelho nos próximos seis meses. “É provável que metade desses usuários realmente o façam, e adquiram aparelhos com funções avançadas”, diz.
“Acreditamos que as LAN Houses podem ser substituídas pelos smartphones”, diz Bruggioni. “Se houver redução nas tarifas, essa é uma oportunidade imensa de acessibilidade, pois as pessoas tem o desejo de migrar para dentro de suas casas. E esse desejo vai além do telefone fixo ou móvel.” Nesse sentido, o CEO acredita que as redes sociais desempenham um papel importante, pois catalisam o processo de adesão à internet e aos devices.
A pesquisa também descobriu quais sites ou serviços possuem as maiores audiências nos smartphones. Nas classes A e B, o Google é o site mais acessado. Na classe C, o Orkut. O Facebook, nas plataformas móveis, aparece logo em seguida em todas as classes, apesar de ainda estar em ascensão no País. Esse dado revela que a rede social de Mark Zuckerberg é mais acessada por aqui em celulares do que em desktops.
Baixar aplicativos também é comum em todas as classes sociais. Na classe A, 67,4% o fazem; na classe B, 61,9%; e na C, 65,5%. Serviços de mobile banking alcançam 25,3% da população em média, sendo que na classe C a penetração é de 15,9%. No e-commerce os números são menores, com média de 15,8%, sendo que apenas 9,44% dos usuários das classes B e C utilizam esse tipo de serviço.
Serviços de valor agregado
Para Frederico Pisani, CEO da Hanzo, a “classe C consome serviços de valor agregado básicos, mas quer ter os avançados.” Segundo ele, o consumidor tem uma vontade muito grande de acessar o MSN, o Facebook, o Orkut e aproveitar o impacto das redes sociais. “Existem vários modelos de negócio para atender essa demanda, seja o SMS, os aplicativos ou a internet. É uma grande oportunidade para o setor ter um crescimento muito forte.”
Flávio Ferreira, gerente de serviços de valor agregado da TIM, diz que, para atingir a classe C, primeiro é necessária uma redução dos impostos. Além disso, as operadoras não podem esperar que a receita venha apenas do usuário. “Devemos aprender uma lição com a Apple, que ganha muito dinheiro também com marketing.”
Richard Ferraresi, CTO da Peopleway, acredita que ainda há muito a explorar no SMS básico, principalmente para a classe C. No entanto, existem algumas barreiras. “Os usuários poderiam utilizar mais SMS, mas não o fazem. Os modelos de negócio precisam se adequar”, diz. Outro ponto de entrave, segundo Ferraresi, é a quantidade de devices disponíveis no mercado. “Como fazer uma distribuição rica de conteúdo para a classe C em um universo tão rico em ecossistemas?”
O gerente geral da Playphone, Renato Marcondes, também vê dificuldades na própria configuração do público alvo. “A classe C é mutante, possui muitas camadas, está em constante evolução”, diz. Para ele, a solução para os modelos de negócio futuros é expandir os planos de download, o que colocaria o mercado brasileiro em uma nova fase. “Games, por exemplo, nos EUA são impulsionados por planos de dados. Isso faria uma grande diferença, seria um divisor de águas no mercado nacional.”