Amos Genish afirma que as operadoras locais estão investindo acima da média global para acompanhar transição, e diz modelo tributário atual afugenta investimentos.
O governo de Michel Temer também definiu a banda larga como ferramenta de retomada do crescimento mas, a contar pela fala de Amos Genish, presidente da Vivo, durante a abertura deste segundo dia da Futurecom 2016, em São Paulo, se esqueceu de avisar as operadoras de telecomunicações. Genish apontou a estrutura tributária como o maior vilão do setor, com uma carga tributária em torno de 43%.
Operadoras ensaiam novos negócios a partir da digitalização
“Na área fiscal temos a simpatia do governo em relação ao pleito de redução da carga tributária, mas não mais do que isso”, desabafou, ao se referir ao debate em torno do novo marco regulatório do setor de telecomunicações. Segundo Genish, a carga tributária também sofre interferência de Estados e Municípios, que têm apetite cada vez maior na criação de taxas. “Eles não percebem que quanto maior a taxa, menor será o investimento e a oportunidade de crescimento e que isso é parte da discussão sobre o marco regulatório”, afirmou.
Outra crítica feita por Genshi e, talvez, aproveitando a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), marcada para esta terça e quarta-feira, 18 e 19, respectivamente, foi em relação à taxa de juros. “Melhor investir no mercado financeiro do que em rede no Brasil, e isso não pode ser ignorado”, afirmou ao reconhecer que a melhora da economia é chave para a retomada do setor de telecom. “Passamos dois anos problemáticos. Parece que 2017 será melhor, o que pode ajudar na rentabilidade, seja através da demanda ou mesmo por meio de juros menores.
O presidente da Vivo também afirmou que as operadoras no Brasil investem acima da média global para cobrir o gap da conectividade fixa ou da internet móvel no Brasil, mas diz que o resultado pouco aparece, tendo em vista a cobertura do 4G e a baixa penetração da ultrabandalarga, hoje em 9%. “Oitenta porcento do tráfego dos dados móveis estão em redes WiFi. Sem rede eficiente será muito difícil evoluir baseado no mobile como planeja o governo”, sentenciou.