Demanda exige novo modelo de investimentos.
Dois estudos divulgados nesta quinta-feira (30) durante o Painel Telebrasil – evento realizado pela associação que reúne as maiores operadoras de telefonia do País – ajudam a lançar luz sobre o futuro do setor. O primeiro, realizado pela LCA, descobriu que serão necessários R$ 167 bilhões em investimentos em infraestrutura até 2020 para massificar a banda larga no Brasil.
Esses aportes, segundo a consultoria, permitiriam à banda larga alcançar 103 acessos para cada grupo de 100 pessoas, em 2020, somando 211 milhões de conexões. Os valores projetados implicam em expansão da oferta no mesmo compasso da demanda, ou seja, expansão de mercado e infraestrutura.
Para impulsionar esses investimentos, no entanto, o estudo aponta para a necessidade de ações públicas e privadas alinhadas com o objetivo comum de massificação da banda larga. Essas ações devem compatíveis com diferentes características geográficas e socioeconômicas, estimulando tanto a oferta quanto a demanda.
Sobrecarga
Outro estudo, feito pela consultoria A.T. Kearney e referente ao mercado europeu de telecomunicações, mostra que o crescente tráfego de informações nas redes de banda larga poderá sobrecarregar a infraestrutura e causar níveis inaceitáveis de congestionamentos nos próximos anos.
O atual modelo do setor onera apenas empresas de infraestrutura, mas a geração de valor é fragmentada por diferentes players da área de conteúdo, internet e serviços. No caso europeu, para suportar o aumento do tráfego será necessário que as empresas de telecom invistam cerca de € 31 bilhões acima da previsão inicial.
No Brasil, Tiago Monteiro, analista da A.T. Kearney, diz que o número de assinantes de banda larga móvel e fixa pode mais que dobrar entre 2011 e 2012, e crescerá ainda mais até 2015, impactando de forma significativa o nível de investimentos nas redes fixas e móveis. Entre 2012 e 2014 estima-se que o nível de investimento em backhaul e acesso fique 40% a 60% acima do trendline.
O estudo apresenta quatro novos modelos possíveis para o setor: alteração das políticas de preços de venda; a cobrança de acordo com o volume consumido; a garantia de tráfego a partir de gestão diferenciada e acordos bilaterais para prover melhor qualidade dos serviços. Todos estes modelos devem ser enquadrados num debate sobre a neutralidade de rede e sua interpretação. Para Monteiro, nenhuma opção por si só é suficiente e dependerá muito da posição do operador na cadeia de valor/posição de mercado.