Economia Digital

Puxado por telecom, TIC aumenta emissões de CO2 e supera o setor de aviação, diz BCG

De acordo com o relatório Putting Sustainability at the Top of the Telco Agenda, do Boston Consulting Group (BCG), o setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC) é responsável hoje por cerca de 3% a 4% das emissões globais de CO2, taxa correspondente a cerca de duas vezes a do setor de aviação, um dos mais cobrados por seus impactos ambientais.

As empresas de telecomunicações impulsionaram o resultado, com cerca de metade dessas emissões – 1,6% do total global. O principal motivo foi o aumento da demanda por serviços de comunicação digital, causado pelo isolamento social e o home office durante a pandemia – só em 2021, a consultoria prevê crescimento de 60% no uso de dados globalmente e projeta que data centers usarão 8% da eletricidade global até 2030.

“Para reverter o cenário, medidas significativas precisam ser tomadas, como a adoção de padrões maiores de sustentabilidade para a empresa e seus fornecedores, políticas compartilhadas para rastrear os impactos ambientais, uso de energias renováveis e melhoria da eficiência energética dos produtos”, diz Nuno Gomes, diretor executivo e sócio do BCG Brasil, líder da prática de Tecnologia, Mídia & Telecomunicações.

Segundo estimativa do BCG, alavancando ações sustentáveis como as sugeridas, as empresas de TIC podem reduzir 15% das emissões globais até 2030 – mais de um terço do necessário para cumprir as metas globais de sustentabilidade. A partir daí, 12,1 giga toneladas de CO2 deixariam de ser lançados no meio ambiente e seria gerada uma economia de US$ 6,5 trilhões. Porém, se o ritmo atual continuar, as TICs devem chegar a ser responsáveis por 14% do CO2 emitido globalmente até 2040.

Telecom tem oportunidade com a crise e deve liderar a mudança

Além da questão ambiental, o relatório avalia que os produtos de sustentabilidade podem representar vantagem competitiva significativa para as empresas de telecomunicações: os consumidores mais jovens estão dispostos a pagar até 10% a mais por produtos sustentáveis do setor.

“O estudo diz que cerca de 90% das emissões de telecom são indiretas, ou seja, essas empresas precisam assumir a vanguarda da mudança sustentável em toda a sua cadeia produtiva, colocando em prática as estratégias para reduzir impactos ambientais e assumindo compromissos e iniciativas colaborativas com outras organizações”, analisa Gomes .

Para apoiar as empresas nessa jornada e entender o nível de maturidade do setor em sustentabilidade, o BCG criou o Telco Sustainability Index, que avaliou grandes empresas de telecomunicações de diversos continentes em quatro dimensões principais: sustentabilidade, intensidade das emissões próprias e de parceiros, o quanto a empresa age para eliminar resíduos e o que ela faz para reduzir a pegada de carbono dos seus clientes.

O índice identificou que as grandes empresas do setor têm objetivo de virar neutrais nas suas emissões de carbono em 2050 e estão mais comprometidas com a redução da sua pegada de carbono nos próximos anos. Todas se comprometeram em reduzir a energia requerida por unidade de tráfego em pelo menos 70% e usar energia 100% renovável até 2030.

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