Equipamentos contarão com software para fazer processamento de informações da lavoura e informar sobre necessidade de irrigar ou adubar.
A Qualcomm, fabricante de processadores, e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estão fazendo uma parceria para fornecer drones com conectividade 4G a cooperativas agrícolas e fazendeiros. Os equipamentos contarão com um software para captura e processamento de imagens, a fim de enviar informações relevantes para o gestor da lavoura, informando-o sobre a necessidade de irrigar ou adubar determinadas áreas da plantação.
Esse processo é chamado de processamento agrícola de precisão e já é realizado em algumas fazendas no país, informando os índices da lavoura. O problema, porém, é o custo do drone e do processamento, além do tempo de envio dessas informações para o gestor da fazendo, que pode chegar até cinco dias.
“Quando ele souber onde irrigar, já se passaram alguns dias e a informação não tem mais valor”, diz Frederico Vieira da Silva, engenheiro de Ecossistemas da Qualcomm. Segundo ele, os agricultores precisam ter essas informações em tempo real para que aumente a performance de sua lavoura.
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Para isso, a Embrapa e a Qualcomm se uniram, com a primeira oferecendo os algoritmos para calcular os índices das plantações e a fabricante fornecendo a plataforma para embarca-la. A solução criada é chamada de Snapdragon Flight e conta com uma composição de software e hardware parecida com a de um celular, mas com funções de controle de potência de voo e de motor e sensores. Basta implantá-la em um drone.
Silva explica que a solução captura imagens de cada pedaço da plantação por meio de seus diferentes sensores, sendo capaz de informar o que deve ser feito naquele local. Por exemplo, o sensor infravermelho pode indicar a respiração da lavoura, enquanto o fluorescente indica que tipo de praga está infectando-a.
“Com essas informações, o agricultor terá aumento de performance, pois saberá quando e onde utilizar recursos como água, fertilizantes e pesticidas”, diz o engenheiro. Isso resolve o problema de utilização em excesso desses recursos, justamente por não saber onde utilizar.
Essas informações serão todas geradas através do algoritmo da Embrapa e serão transmitidas via 4G diretamente para o gestor da plantação. Aliás, a conectividade será fornecida por uma small cell da TIM, que também é uma parceira do projeto.
Ainda de acordo com Silva, o drone terá a capacidade de se comunicar com outros sensores da lavoura, através da tecnologia Bluetooth Mesh, lendo e transmitindo os dados coletados para a nuvem via conexão 4G.
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O engenheiro também diz que a solução será bem acessível, inclusive para cooperativas. Isso porque o software já vem instalado no drone, sendo cobrado apenas uma vez. Além disso, as cooperativas podem adquirir apenas um equipamento e realizar o processo em cada plantação por vez, visto que não é necessário verificar o mesmo pedaço várias vezes na semana. “Estamos discutindo o modelo comercial com a Embrapa e acreditamos que, em 2017, a primeira prova de conceito deva ser realizada”, diz.