Com a experiência de proteger redes de eletricidade, a AES Eletropaulo Telecom mostra o porquê as operadoras de Telecom ainda sofrem prejuízos causados por descargas atmosféricas nas épocas de verão. Com nova regulamentação da Anatel exigindo mais segurança das redes nesse sentido, a lição pode valer a pena.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (ELAT/INPE) estima que as operadoras de telecomunicações registram prejuízos anuais superiores a R$ 100 milhões com raios que atingem sua infraestrutura física. Isso porque as descargas de eletricidade interrompem os serviços e exigem reposição de equipamentos. Além disso, uma nova regulamentação em curso na Anatel, baseada nas resoluções impostas pela Norma Brasileira Regulamentadora de número 5419, deverá exigir ainda mais proteção para essas redes, o que também despenderá conhecimento e investimento por parte das teles.
Nativa do mercado de eletricidade, no qual as exigências por sistemas de proteção contra descargas atmosféricas já vêm de datas muito mais longínquas do que no mercado de telefonia, a AES Eletropaulo Telecom tem a receita do sucesso. “Trabalho há três anos na empresa e não tenho nenhum registro de queda dos serviços por conta de incidência de raios”, garante Fabiano Sobral, supervisor de engenharia da AES Eletropaulo Telecom. Segundo ele, isso é resultado de tecnologia na proteção da rede. Aliás, rede esta que não conta com qualquer objeto metálico aparente, mesmo operando com tecnologias como FTTH, Metro Ethernet, retificadores e sistemas de sincronismo.
“O aterramento das estações radio base garantem esse isolamento contra descargas”, diz Sobral. Ele explica que todas as estações da Eletropaulo Telecom, além do aterramento, são equipadas com uma gayola de faraday (veja detalhes sobre abaixo) no topo, de forma que essa capta a descarga e distribui para o aterramento, evitando a surpresa de sobrecargas incidentes diretamente no conjunto de redes. "Todos os equipamentos de rede também devem estar conectados com a malha de ferramenta da estação radio base, ou seja, a gaiola de faraday, pois, assim, criamos uma espécie de fio terra eletrônico e evitamos que qualquer descarga, mesmo que venha de um dos equipamentos ligados em rede, seja transportada para a infraestrutura”, conta Sobral.
A malha de aterramento que garante o sucesso dessa aplicação deve seguir várias medidas, todas já estabelecidos pela NBR citada nesta reportagem. “O que acontece, por enquanto, é que algumas operadoras de Telecom não seguem essa norma e, por isso, ficam mais vulneráveis”, diz Sobral.
Referências
Alguns modelos de equipamentos de proteção para redes de telecomunicações vendidos nacional e internacionalmente incorporam novidades que também podem ajudar a reduzir o índice de incidentes causados por surtos elétricos naturais. Os mais modernos, na visão de especialistas ouvidos pelo IPNews, não são dotados de fusíveis internos nos protetores, eliminando até mesmo o risco de morte de técnicos, pois não incide manutenção periódica.
Gaiola de Faraday
Michael Faraday foi o invetor da gaiola que leva o seu sobrenome, sua invenção serviu para provar que uma superfície condutora eletrizada possui campo elétrico nulo em seu interior. Dessa forma, as cargas se distribuem de forma homogênea na parte externa da superfície condutora e isso faz com que Gaiola de Faraday, em suma, seja uma blindagem elétrica que funciona como um para-raios.