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Reguladores destacam os principais desafios do 5G em seminário com especialistas

Na expectativa para o leilão da Agência Nacional de Telecomunicação (Anatel) de faixas de frequência do 5G, marcado para março de 2020, a discussão sobre novas questões relacionadas ao compartilhamento de infraestruturas entre empresas de distribuição de energia elétrica e operadoras já está sendo abordada em fóruns com especialistas desse segmento. Outros impactos também são comentados entre profissionais de tecnologia em diferentes setores.

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Em painéis no seminário UTCAL Summit 2019, maior evento internacional da América Latina sobre Tecnologia de Informação e Telecomunicações para “utilities”, ou seja, empresas de serviços de utilidade pública (energia, gás e saneamento), representantes de órgãos reguladores, tanto do setor de Telecomunicações quanto do setor de energia, ao lado de importantes fabricantes ou membros de entidades representativas, listaram expectativas e desafios à vista para a implantação da tecnologia.

Para o diretor do escritório das Américas da União Internacional de Telecomunicações, Bruno Ramos, além do impacto no mercado, o 5G traz a expectativa de melhorias técnicas não só para consumidores como também dentro de companhias que atuam em missões críticas.

“O desafio do 5G e da implantação de qualquer outra tecnologia é o impacto de nova regulamentação. Há questões desafiadoras também quanto a capacidade e uso de infraestruturas. Precisamos considerar as expectativas para longo prazo, em termos de políticas públicas, e o que se espera para as indústrias. É fundamental acompanhar os organismos internacionais, para buscar boas práticas de outros países”, afirmou Ramos.

De acordo com o especialista em regulação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Edgar Barbosa de Souza, a regulamentação do 5G (ou IMT-2020, como é conhecido no ambiente regulatório) está entre as prioridades do órgão. Ainda sem o edital publicado, não é possível definir quantos players participarão da licitação dos primeiros blocos de frequência. Entre os 48 projetos que serão tratados até o próximo ano, de acordo com a Agenda Regulatória 2019/2020, Edgar ainda destaca o uso de espectro, white spaces, modelos de outorga e licenciamento, e regulamentação sobre radiação restrita. Futuras regulamentações vão atender, por exemplo, o uso da Banda L (faixa de 1,5GHz), em 2020.

“Um ambiente regulatório estável e previsível é fundamental para facilitar o emprego de novas tecnologias. O uso harmônico do espectro beneficia todos, melhorando a qualidade dos serviços e fomentando o desenvolvimento do país”, disse o especialista. “Vemos o 5G em três pilares: banda larga aprimorada, comunicação máquina-máquina massiva e comunicação com baixa latência e confiabilidade”, destacou.

Com a inclusão de ondas milimétricas, de altas frequências (que exigem mais antenas para cobrir áreas menores, em pequenas estruturas chamadas de small cells), entre as faixas a serem leiloadas, a preocupação com a instalação de novas antenas no espaço urbano já marcado pelo imbróglio da superlotação de postes, certamente, está no rol de discussões públicas no futuro. Levantamentos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que apenas 13% dos pontos fixos em postes são faturados, enquanto a expectativa é de chegar a 25%, o que é ainda tema de discussões para nova regulamentação. Mesmo em meio a antigos problemas sobre o compartilhamento entre empresas de linhas de transmissão e de distribuição das Utilities, o 5G já é considerado dentro do debate:

“Temos problemas urbanos de cabos em postes, mas podemos tratar mais do compartilhamento de fibras ópticas e do que está por vir. O 5G precisa de small cells e está vindo em 2020. Precisamos regular postes para terem antenas instaladas. Conforme avançarmos com o 5G, provavelmente na faixa de 3,5GHz, muito mais antenas serão necessárias, e precisaremos de mais estrutura, postes e torres”, afirmou Dymitr Wajsman, presidente da UTC América Latina (Utilities Telecom and Technology Council América Latina), entidade sem fins lucrativos que congrega especialistas de empresas de energia, gás e saneamento de todo o continente latino-americano.

Apesar de altas expectativas, Adrian Grilli, diretor da Joint Radio Company (JRC), responsável por gerenciar espectros para empresas do Reino Unido, ressaltou que é importante ser realista e encarar as relevâncias reais da nova geração de telecomunicação móvel. “Vivemos outros momentos, com promessas sobre novas gerações e já houve problemas na entrega dos serviços”, pontuou.

Para Grilli, o 5G pode trazer, além da maior demanda de antenas a serem instaladas em infraestruturas, parcerias por blackhaul de fibra óptica. Envolvendo as Utilities, pode haver mais compartilhamento de infraestrutura para small cells, cobertura de serviços 5G para locais remotos e integração de suas redes privadas LTE/5G com redes comerciais.

Também participaram dos painéis sobre o tema: o presidente da Sindisat, Luiz Otávio Prates, Francisco Giacomini, da Qualcomm, e Lucas Gallito, da associação GSMA.

O seminário UTCAL Summit 2019 reuniu, de 27 a 29 de março, no Rio de Janeiro, profissionais de empresas dos setores de missão crítica, bem como alguns de seus fornecedores multinacionais, e especialistas de entidades regulatórias para apresentar tópicos relevantes às empresas de serviços de utilidade pública.

Estão entre os assuntos abordados: políticas públicas, regulamentação, compartilhamento de infraestrutura entre empresas de diferentes setores, migração para novas tecnologias, impacto do padrão 5G no mercado de energia, Internet das Coisas (IoT) para eficiência operacional e exemplos de redes inteligentes implantadas não só no Brasil.

 

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