
*Por Fabio Seixas
A revolução tecnológica promovida pela inteligência artificial (IA) tem redefinido a maneira como as empresas oferecem soluções. O modelo de Software as a Service (SaaS), que já vem ganhando popularidade, tem sido amplificado por essa transformação, dando origem ao conceito de “Software-Delivered Services” (SDS). Esse novo formato não apenas automatiza processos, mas elimina a necessidade de intervenção humana em uma gama crescente de serviços, o que tem levantado questões sobre o futuro das empresas, da força de trabalho e da experiência do usuário.
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O SaaS tradicional oferecia ferramentas para que o usuário final completasse tarefas específicas, exigindo sua interação direta para que o valor fosse gerado. Agora, com a chegada da inteligência artificial, estamos vendo um avanço considerável: o próprio software não apenas oferece a ferramenta, mas realiza a tarefa em si. Em outras palavras, o SDS coloca a IA como protagonista, delegando tarefas complexas e decisões em tempo real a algoritmos que aprendem, se adaptam e operam sem a necessidade de intervenção humana constante. O resultado? Um processo mais rápido, eficiente e com uma personalização sem precedentes.
Mas até onde a automação pode ir? Embora as promessas de eficiência sejam sedutoras, a realidade é que a IA ainda está longe de ser capaz de substituir a totalidade das interações humanas. Tarefas repetitivas e processos bem definidos são de fato substituíveis, mas áreas que exigem julgamento crítico ou empatia permanecem como zonas de sombra para a IA. O risco de desumanização é uma preocupação legítima, principalmente em setores como saúde e consultoria, onde uma interação fria pode prejudicar a qualidade do serviço. Portanto, a automação não deve ser vista como uma substituição total, mas como uma ferramenta que, quando bem utilizada, complementa a atuação humana.
Setores que lidam com grandes volumes de dados e processos repetitivos são os primeiros a colher os frutos dessa mudança. Atendimento ao cliente, financeiro, logística e marketing são áreas nas quais os benefícios da automação e personalização por IA já estão bastante evidentes. Ferramentas de suporte automatizado, sistemas preditivos e plataformas de marketing inteligente têm mudado a dinâmica dessas indústrias, tornando-as mais ágeis e eficientes. O que antes demandava horas de trabalho manual agora é executado por sistemas com alta capacidade de processamento e análise.
Entretanto, à medida que as empresas se preparam para adotar essa nova era de automação, a adaptação deve ir além da compra de tecnologia. A transformação digital exige uma reestruturação profunda da estratégia de negócios e das equipes. Empresas precisam investir em infraestruturas escaláveis, em IA robusta e em integrações eficazes entre diferentes sistemas. Mais do que isso, as equipes precisam desenvolver habilidades para lidar com dados e interpretar as ações da IA, mantendo uma supervisão ativa. A cultura organizacional precisa estar alinhada com a mentalidade de automação, sendo flexível o suficiente para adaptar-se às novas demandas.
Apesar das vantagens, essa transição para um modelo mais automatizado traz consigo desafios significativos. Um dos maiores riscos é a dependência crescente de algoritmos para decisões críticas. Embora a IA seja capaz de processar grandes volumes de dados rapidamente, ela pode falhar em capturar nuances que um ser humano entenderia facilmente. Além disso, o risco de viés nos algoritmos, muitas vezes baseado em dados históricos, pode ser um problema, resultando em decisões injustas ou equivocadas. Outro ponto crucial é a segurança de dados, uma vez que sistemas automatizados exigem acesso a enormes quantidades de informações sensíveis, tornando-as alvos de possíveis ataques.
A IA tem se mostrado imbatível na execução de tarefas rotineiras, mas quando o assunto é lidar com aspectos mais sutis da interação humana, a tecnologia ainda tem muito o que aprender. A automação no atendimento ao cliente, por exemplo, pode agilizar processos, mas um sistema sem uma camada humana ainda falha em demonstrar a empatia necessária para lidar com situações complexas, como questões emocionais ou éticas. Nessas áreas, a presença humana continua sendo essencial, pois a IA ainda não possui a capacidade de tomar decisões em contextos ricos em subjetividade e valores morais.
Em suma, a inteligência artificial está transformando o modelo SaaS e estabelecendo um novo padrão de entrega de serviços com o SDS. A automação traz vantagens como maior eficiência e personalização, mas também apresenta desafios, como a falta de empatia e o risco de decisões enviesadas. O futuro dos serviços será marcado por soluções inteligentes, mas o verdadeiro desafio será equilibrar a eficiência da IA com a necessidade de um toque humano, algo essencial para garantir a experiência do cliente sem perder a conexão emocional.
*Com mais de 25 anos de experiência em tecnologia e negócios digitais, Fabio Seixas é empreendedor, mentor e especialista em desenvolvimento de software. Fundador e CEO da Softo, uma software house que introduziu o conceito de DevTeam as a Service, Fabio já criou e dirigiu oito empresas de internet e mentorou mais de 20 outras. Sua trajetória inclui expertise em modelos de negócios digitais, growth hacking, infraestrutura em nuvem, marketing e publicidade online. *Fabio Seixas é especialista em soluções tecnológicas e CEO da Softo.
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