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TI Híbrida demanda Nuvens Híbridas

Interessante pensar que há poucos anos começou a se comentar a respeito do conceito de Cloud Computing. Lembro-me que nessa época eu trabalhava no Gartner Brasil e era responsável pelo relacionamento do Gartner com os vendors e provedores de TI. Pude perceber que o mercado estava alvoroçado com o assunto, o qual o Gartner já estava falando há algum tempo, principalmente devido à flexibilidade e escalabilidade que poderiam ser alcançadas. Aplicações de nosso dia a dia passaram a ser hospedadas na tal da nuvem, tema abordado pela revista Veja na matéria de capa de sua edição de 12 de agosto de 2009, fazendo com que a minha mãe, com então 70 anos na época me perguntasse: “é com isso que você trabalha meu filho?”. Minha resposta foi: sim, também com isso.

A nuvem passou realmente a fazer parte de nossas vidas pessoais e profissionais. Mesmo que os indivíduos mais leigos em TI não saibam, certamente estão se beneficiando da nuvem ao utilizarem e armazenarem arquivos, aplicações, e-mails pessoais, etc.

Já do lado corporativo, o “buraco é mais embaixo”. Muitas empresas se dedicaram a entender melhor suas aplicações de negócios, sistemas corporativos e custos envolvidos em sua infraestrutura, equipes, etc. Mas a grande maioria acabou pegando uma carona na onda e simplesmente colocou aplicações em provedores de nuvem, acreditando que estava fazendo bons negócios em termo de custos e escalabilidade, mas o que observamos atualmente é que, em boa parte dos casos, essas vantagens não se traduziram em verdades absolutas, pois ao longo do tempo e do aumento do consumo, os custos dos serviços em nuvem pública podem ficar mais caros que os custos internos e na maioria dos casos, fica muito difícil para as empresas retornarem as aplicações da nuvem para seus ambientes internos.

Armazenar na nuvem ou não. Eis a questão

Paralelamente a nuvem, atualmente tem se falado muito em Hybrid IT, Fast IT, bi-model IT e por aí vai… Esses conceitos remetem às pressões que nossos amigos CIOs vem sofrendo por agilidade e eficiência operacional, ao passo que as áreas de negócio demandam novos serviços de TI de uma forma mais rápida, frente a concorrência globalizada e cada vez mais acirrada. As próprias áreas de negócio muitas vezes vão às compras e trazem soluções hospedadas em nuvens externas, aumentando muitas vezes os problemas de integração com aplicações legadas.

Mas se os CIOs já buscaram as nuvens públicas e muitas áreas de negócio também, por que não conseguem obter todos os benefícios de flexibilidade, agilidade e redução de custos? Simples: não adianta realizar iniciativas isoladas e pontuais. Não existe uma fórmula mágica e instantânea. É necessário um alinhamento entre a TI e o negócio e muito estudo das aplicações atuais, para saber quais são as aplicações que devem permanecer dentro de casa e quais devem ser migradas para a nuvem, no todo ou em parte.

Além do Gartner, trabalhei a minha vida toda em fabricantes e integradores de TI (já se vão 27 anos de estrada) e nos últimos 15 anos em uma forte parceria com a Cisco, líder global em infraestrutura de conectividade/mobilidade, colaboração, segurança, Datacenter e servidores, qual não foi minha satisfação quando fui convidado, no ano passado, para uma reunião de anúncio da estratégia Cisco Intercloud. Estava ali a materialização de como as empresas poderiam, de verdade, criar suas estratégias híbridas e seguras. Lembro que brincamos que a Cisco estava laçando “seu novo roteador, o roteador entre nuvem privada e nuvem pública”. Para a empresa que criou o roteador, que impulsionou o tráfego de dados IP e a própria Internet, nada mal criar “o roteador” das nuvens.

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O fato é: nos dias de hoje, adotar uma estratégia de nuvem implica em ter lock-ins, ainda é muito difícil para as empresas que migraram suas aplicações para nuvens públicas, migrarem essas aplicações para outros provedores de nuvem e também trazerem essas aplicações de volta para suas nuvens privadas. Com o Cisco Intercloud baseado em orquestração e utilizando Openstack, estamos exatamente no momento em que a tecnologia permitirá que as empresas tenham suas nuvens privadas, em seus datacenters (próprios ou terceirizados), com a vantagem de poderem expandir e / ou retornar suas aplicações para suas nuvens públicas ou para outros provedores de nuvem, quando necessário.

Veremos muita novidade nessa área, mas acredito fortemente que o passo mais importante já foi dado: padronizar a comunicação entre inúmeras nuvens públicas e as nuvens privadas das empresas, permitindo que se decida de forma fácil, quando e o que deve rodar fora da empresa, logicamente de forma segura e gerenciável.

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