ANCD e ITI Brasil discutem o uso da tecnologia na Certificação Digital; bancos impulsionam uso de impressões digitais na América Latina.
O uso da tecnologia biométrica vem se consolidando mundialmente nos últimos dois anos. De acordo com estudo realizado pela consultoria norte-americana Tractica, esse mercado de reconhecimento de impressões digitais, íris e voz está sendo incorporado em vários países e em diferentes segmentos – que vão desde sistemas de acesso da população pouco escolarizada a benefícios governamentais até o acesso restrito a áreas estratégicas dentro de uma empresa ou governo. A expectativa é que esse mercado salte de US$ 2 bilhões em 2015 para quase US$ 15 bilhões em 2024, com receita acumulada de US$ 67,8 bilhões em dez anos.
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Ainda de acordo com o estudo, alguns usos serão especialmente beneficiados pela biometria na próxima década: finanças, dispositivos de consumo, saúde, governo, empresas, defesa, educação, aplicação da lei e organizações não-governamentais. As pessoas vão se familiarizar com autenticação biométrica nos caixas eletrônicos e, inclusive, nos dispositivos móveis. Também vão se acostumar a verificações de autenticidade em ambientes virtuais de sistemas governamentais, transações em pontos de venda, acesso a áreas restritas de distribuição de medicamentos e muito mais.
Na opinião de Kerry Reid, vice-presidente global de vendas da HID Biometrics – empresa especializada em tecnologia de impressão digital de imagem multiespectral – o estudo da Tractica comprova o que já é possível perceber na prática. “Enquanto estamos avançando muito no setor financeiro da América Latina, ainda bastante suscetíveis a fraudes e com importantes programas de inclusão social e financeira, nos demais continentes o uso da biometria tem outras funções. É o caso do aeroporto norte-americano de Baltimore-Washington, em que nossos leitores de impressão digital controlam inclusive o acesso à pista através de unidades implantadas ao ar livre. Ou ainda a experiência asiática, em que parques temáticos associam o uso da biometria com tecnologia RFID para que as crianças não se percam enquanto brincam e possam ser rapidamente localizadas por seus pais. Somente em um dos parques, o Chime Long Guagnzhou, os sensores biométricos são acionados mais de quatro milhões de vezes ao ano.”
No Brasil, o presidente da Associação Nacional de Certificação Digital (ANCD), Julio Cosentino, e o Diretor Executivo da entidade, Antonio Cangiano, se reuniram na última quinta-feira, 2, com o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI Brasil) para discutir a implantação da biometria na certificação digital. A indústria de certificação está preparando a inclusão de biometria nos processos de registro para a emissão de certificados digitais, e como se trata de uma novidade estrutural importante, o tema está sendo objetivo de várias reuniões. A coleta de impressão digital e dados da face serão incorporados aos processos de registro, o que dará ainda mais credibilidade a todo o sistema.