Com #hashtags, população pode #multar os maus condutores e #elogiar os bons.
A Maratona Hacker, promovida pela CET, premiou com R$ 10 mil a equipe Mil Diálogos pelo projeto “Como estou dirigindo?”. O grupo dos vencedores conta com cinco membros de cidades diferentes, e o líder, Guilherme Bueno, tem 22 anos, é morador de Campinas (SP) e cursou Midialogia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) – curso que justifica o nome do grupo por ser uma alusão à graduação, em que os alunos são chamados de Midiálogos.
App que denuncia e elogia condutores leva R$ 10 mil em maratona hacker da CET
Formado por quatro comunicadores e um programador, a concepção da ideia surgiu do zero. “A princípio, eu não confiava muito na minha ideia, então inscrevi pessoas na minha equipe sem que elas soubessem disso. É óbvio que algumas delas já tinham compromissos, então tivemos que fazer algumas trocas muito rápidas e só fechamos esse time às 23h de quinta-feira, da semana do sábado e do domingo que ocorreria a Maratona” explica Bueno.
Sem muito tempo para elaborar o projeto de Mobilidade Urbana, que teria a concorrência de mais 62 propostas, sendo apenas 15 selecionadas, a primeira reunião do ocorreu no carro de Bueno, às 5h da manhã da sexta-feira que antecede a maratona. “Nós levamos o conceito [de maratona] a sério e fizemos absolutamente tudo do 0, desde da concepção da ideia ao desenvolvimento”,conta.
Ideia!
O objetivo da proposta do Mil Diálogos é permitir que pedestres, por meio de um aplicativo, multem os condutores simbolicamente e façam um review dos motoristas cadastrados na plataforma, que terão a possibilidade de adicionar a placa dos carros, modelo, criticar ou elogiar usando #hashtags pré-selecionadas. “Nós criamos 40 #s, divididas em quatro categorias: estacionamento, direção perigosa, elogios e manutenção”, conta.
Para cada uma dessas 40 #s, existe uma explicação, pois algumas não são nada evidentes. Exemplos como #BenjaminButton que se refere a pessoas que não são idosas, mas estacionaram em vagas de idosos; #Alfaiate que indica pessoas que costuram no trânsito; #ChegaDeFiuFiu que são para aqueles que sempre passam cantadas machistas enquanto dirigem; e #Didático para o que auxilia a travessia do pedestre com gestos e movimentos claros de instrução, exemplificam que o App, acima de tudo, também traz humor, sem ser ofensivo.
No entanto, quem se sentir insultado pode reclamar. “Pode reportar a hashtag, fazendo com que a gente repense a sua permanência. A ideia é que as #s se tornem um quadro cada vez mais fiel dos comportamentos que mais chamam a atenção dos pedestres, para o bem ou para o mal”, reforça o comunicador.
Mesmo o código brasileiro de trânsito tendo 95 artigos, que englobam infrações, gravidade das faltas e a penalização, a equipe acredita em outras formas eficazes de melhorar o trânsito, sem precisar de uma mera punição ou coerção. “Nossa estratégia de educação é apostar na participação colaborativa, estimular o contato entre indivíduos para que eles sintam que pertencem ao espaço público e que o estão construindo coletivamente a todo o tempo. Pertencimento sempre leva ao cuidado, ao carinho, à atenção”.
O app também pode ser definido como um ‘termômetro’, para medir o humor de quem está no trânsito, explica Bueno. “Seria um termômetro de como andam os humores dos cidadãos no trânsito, o que pode ser útil também para identificar problemas, áreas carentes de informação e propor campanhas para solucioná-los”.