Setor será puxado por TI e suas tecnologias disruptivas, com a cloud em primeiro lugar. Telecom permanece estável.
A IDC divulgou suas previsões para o setor brasileiro de telecomunicações e TI em 2017 e a perspectiva é de crescimento de 2,5%, puxado por TI, que deve crescer 5,7%, enquanto telecom deve permanecer estável, com aumento de 0,4% no período.
Gastos mundiais com TI devem crescer 2,7%, estima Gartner
Para o diretor geral da IDC Brasil, Denis Arcieri, agora é o momento de retomar projetos, aproveitando o cenário político mais previsível, assim como o contexto econômico. “Não há mais espaço para postergar projetos de transformação e inovação e mais de 6% dos CIOs pretendem investir para melhorar a estratégia de entrega multicanais em 2017”, diz.
De acordo com as previsões da IDC, o segmento de telecom se manterá estável em 2017 e coerente com a tendência dos últimos anos, continuando a se digitalizar, com aumento no consumo de dados e redução na base de voz. O mercado corporativo segue em declínio, compensado pelo crescimento do mercado residencial. O número de conexões 4G vai passar de 108 milhões no Brasil, representando 40% da base total.
Segundo André Loureiro, gerente de Pesquisa e Consultoria de TIC da IDC Brasil, as operadoras vão precisar aumentar a cobertura e melhorar a qualidade dos serviços para atender à demanda fora dos grandes centros urbanos. Além disso, a utilização de serviços over the top (OTT) vai continuar crescendo e gerando mais tráfego, o que, por sua vez, deve aumentar as ofertas de “0800 de dados” e “zero-rating”, que permitem o acesso gratuito a determinados serviços.
Do ponto de vista da TI, diversas tecnologias devem puxar o crescimento. Os investimentos em segurança, por exemplo, devem ser retomados e ampliados neste primeiro semestre e ultrapassar US$ 360 milhões até o final de 2017. As principais áreas de interesse dos gestores de segurança são Gestão de Identidades (IAM) e Correlação de Eventos (SIEM), segundo a IDC. Um desafio para esses executivos será a Internet das Coisas (IoT), pois cerca de 79% deles não consideram que as práticas para lidar com a segurança do segmento estejam bem definidas no mercado.
Por outro lado, a IoT também terá o seu papel no crescimento da TI no país, com seu ecossistema dobrando de tamanho até o final da década e superando US$ 13 bilhões. Mas o embalo do segmento só deve iniciar no segundo semestre deste ano, com a definição de uma política pública e de incentivos pelo BNDES, aponta a consultoria.
A cloud pública terá um crescimento de 20% este ano no país, atingindo US$ 890 milhões. De acordo com a IDC, apesar do cenário ainda recessivo, as empresas vão superar os receios e devem investir em cloud por conta de vantagens como redução de custos e mais agilidade a entrega de soluções.
Já o mercado de Business Analytics Software crescerá 4,8% em 2017, movimentando US$ 848 milhões no Brasil. Em busca de decisões mais rápidas e assertivas, as organizações vão investir em capacidades analíticas para trazer cada vez mais inteligência e insight a cada processo em seus negócios. O reconhecimento da importância de informações não estruturadas, especialmente daquelas vindas de redes sociais e de interações diretas com clientes, vai dar força às iniciativas de Big Data.
A tecnologia de Inteligência Artificial também merece destaque, assumindo uma posição importante à frente da mudança das fontes de trabalho nas organizações para suportar com os processos de relacionamento com o cliente e de tomada de decisão. A expectativa é que nos próximos três anos o mercado quintuplique os investimentos nesta tecnologia, ainda em fase inicial, para atendimento inteligente ao cliente, respostas automatizadas e chatbots.
O mercado de smartphones, que apresentou queda nas vendas em 2016, voltará a ganhar fôlego em 2017, com previsão de crescimento de 3,5% em unidades em comparação ao volume do ano passado. A troca média dos aparelhos ocorre a cada dois anos e pelo menos 37% da base instalada ativa foi adquirida antes de 2015.
A tecnologia AR/VR (Realidade Aumentada/Realidade Virtual) aparece com boas perspectivas em 2017. A previsão da IDC é que o mercado brasileiro dobre em unidades, ultrapassando a barreira dos 100 mil produtos.
Por último, o Blockchain (banco de dados distribuído que guarda um registro de transações permanente e à prova de violação) surge como um elemento importante de transformação digital, mas que continuará em ritmo lento de adoção. Alguns projetos foram desenvolvidos em 2016 e outros virão ao longo de 2017. Para a IDC, apesar de ser uma tecnologia disruptiva, a sua adoção é gradual, influenciada pelos desafios regulatórios e de compliance do país.
Ainda sobre o ponto de vista de transformação digital, a IDC acredita que este seja um caminho sem volta para as empresas que estão em busca de eficiência e competitividade. Apesar disso, apenas 10% das companhias brasileiras investem 5% de seu faturamento em inovação.