Segundo especialista, erro humano é responsável por 90% dos incidentes no tráfego, o que será eliminado com a automatização.
Para Paulo Roberto Guimarães, diretor técnico do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), não existirão acidentes de trânsito no futuro. Essa realidade, apesar de parecer distante, é perfeitamente possível, de acordo com ele e com outros especialistas ouvidos pela Perkons, empresa especializada em mobilidade e segurança no trânsito. Isso se deve exatamente ao avanço da tecnologia de carros autônomos.
“O fator humano é responsável por mais de 90% dos acidentes e, no futuro, esse risco será totalmente eliminado com a utilização de veículos autônomos, que serão capazes de se deslocar sem a necessidade de serem guiados por pessoas”, afirma Guimarães, referindo-se a uma tecnologia já existente, mas ainda não massificada.
Porém, essa transição entre o mundo de hoje e o horizonte tecnológico a frente não acontecerá na mesma velocidade em todos os países. David Duarte Lima, presidente do Instituto de Segurança do Trânsito e professor da Universidade de Brasília (UnB), as desigualdades entre os países e entre as classes sociais criará um tráfego híbrido, com muita tecnologia transitando lado a lado com veículos mais velhos.
Ele afirma que isso pode complicar ainda mais o trânsito, já que a automatização não vai ser simples. “A sinalização é incompleta, temos pedestres andando na rua, animais na pista e pavimentação inadequada. A infraestrutura vai melhorar, mas não na velocidade exigida”, diz.
Segundo o Relatório Mundial sobre Prevenção dos Traumas Causados pelo Trânsito, publicado pela ONU, é previsto que as mortes por acidentes de trânsito caiam 27% nos países ricos, enquanto nos emergentes subam 83%, aumento a média mundial em 67%, na comparação entre 2000 e 2020.
A expectativa é que a comunidade internacional dê prosseguimento em ações para ajudar os países mais pobres a atingir as metas dos cinco pilares da Década de Ação pela Segurança no Trânsito, que são: gestão da segurança no trânsito; vias e mobilidade mais seguras; veículos mais seguros; usuários de vias de trânsito mais seguros; resposta após os acidentes.
Transporte coletivo será integrado
Guimarães, do ONSV, também prevê que o funcionamento do transporte coletivo em modelo de integração entre vários modos de transporte será uma realidade difundida, utilizando sistemas inteligentes de captação de demanda e roteirização. “Os veículos utilizarão combustíveis limpos e renováveis, e integrarão a paisagem urbana de forma harmônica”, diz.
Essa também é a aposta de Márcia Valle Real, doutora em Engenharia de Transportes e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF). Segundo ela, a solução dos problemas de mobilidade estará em dois tipos de descentralização: a mudança de foco do veículo particular para o coletivo, e a estruturação de bairros, diminuindo a necessidade de deslocamentos.
Márcia explica que a mobilidade se concentrará nos transportes coletivos integrados às tecnologias de telecomunicações. “Informações sobre horários e disponibilidade serão acessíveis nos celulares, de forma a minimizar o tempo de viagem, o que já é realidade em algumas cidades do mundo”, afirma.
*Com assessoria de imprensa.