Entrevista da SemanaEspeciais

A transformação digital da segurança física

Luís Vieira, diretor de Marketing da Genetec para América Latina e Caribe, aponta a importância das tecnologias digitais para o desempenho da área de segurança dentro e fora do País.

O setor de segurança física ingressou, em definitivo, na era da digitalização. Pesquisa anual elaborada pela Genetec mostra avanço, por exemplo, no uso de computação em nuvem e de soluções baseadas em inteligência artificial. O estudo também constata que a transformação digital tende a tornar a segurança física mais eficiente e de menor custo. Nesta entrevista, Luís Vieira, diretor de Marketing da Genetec para América Latina e Caribe, destalha esta mudança de comportamento do setor e enfatiza a importância do estudo para a definição de estratégias da companhia e seus parceiros para atender ao novo perfil de clientes. Acompanhe.

IPNEWS: Qual é a importância da sondagem anual sobre segurança física?

Luís Vieira: A pesquisa global sobre segurança física é de extrema importância para a Genetec, pois nos permite avaliar o mercado de forma abrangente, compreender as tendências emergentes e posicionar estrategicamente nossos produtos. Ao analisar os resultados, conseguimos identificar as necessidades dos nossos integradores e clientes finais, aprimorar de forma contínua nosso software e garantir que nossas soluções estejam alinhadas com as demandas do mercado. A evolução da pesquisa também nos possibilita acompanhar as mudanças, como a rápida aceleração da migração para a nuvem híbrida, que passou de 42% em 2022 para 67% em 2023 e a convergência da área com segurança com TI, que vem assumindo novas responsabilidades e trabalhando em conjunto para responder novas demandas da Era Digital, como, por exemplo, as crescentes preocupações com cibersegurança, destacando a necessidade de sistemas unificados para fortalecer a segurança e eficiência operacional. Vale ressaltar que outro fator interessante diz respeito ao aumento do OPEX vinculado à adoção da nuvem, evidenciando a necessidade de considerações financeiras em meio às transformações tecnológicas

IPNEWS: Especialmente no Brasil, é nítida a adoção de soluções digitais como apoio à segurança física. Soluções baseadas em biometria, controle de acesso, câmeras inteligentes etc., são cada vez mais frequentes. Quais são os achados da pesquisa nesta área?

LV: Os resultados da pesquisa no Brasil revelam uma participação cada vez mais significativa da área de TI nas decisões relacionadas à segurança física. Há uma crescente preocupação com segurança cibernética, refletindo um equilíbrio maior entre preço e risco. O investimento em controle de acesso ganhou destaque, se refletindo na maior conscientização de que sistemas ultrapassados representam um risco para a cibersegurança corporativa. A preferência por plataformas unificadas está em ascensão, impulsionada pela busca por eficiência, agilidade e segurança.

IPNEWS: Quais sãos as aplicações mais comuns?

LV: As aplicações mais comuns, destacadas na pesquisa, englobam soluções avançadas como biometria, controle de acesso e câmeras inteligentes. Além disso, observamos uma crescente tendência de integração com tecnologias de Inteligência Artificial (IA) e Aprendizado de Máquina (ML) no ambiente de segurança física. Essas tecnologias proporcionam uma camada adicional de sofisticação, permitindo análises mais precisas, identificação de padrões e respostas proativas a eventos de segurança. A integração com IA e ML não apenas reforça a eficácia das soluções, mas também representa uma abordagem inovadora para enfrentar desafios complexos na segurança, oferecendo respostas mais ágeis e adaptáveis às necessidades dinâmicas do cenário atual.

IPNEWS: Um dos destaques do estudo este ano é a consolidação da computação em nuvem. Quais são os benefícios deste ambiente para o setor de segurança física?

LV: A transição para a nuvem traz ganhos substanciais. Os updates automáticos garantem que estejamos sempre na vanguarda da segurança. Com menos investimento inicial em hardware, proporcionamos uma abordagem mais acessível aos clientes, que podem optar por um pagamento mensal flexível. A escalabilidade permite crescer conforme a demanda, enquanto a elasticidade possibilita ajustes precisos, como em eventos pontuais, otimizando custos. A facilidade na terceirização de serviços alivia nossa equipe interna, permitindo uma gestão ágil da infraestrutura. Estes benefícios não apenas modernizam nossa oferta, mas também a tornam adaptável e econômica para enfrentar os desafios do setor de segurança física.

IPNEWS: Na sua visão, por que a América Latina está em desvantagem nesta migração para nuvem em relação a outras regiões?

LV: Na minha perspectiva, a América Latina historicamente enfrentou desafios na migração para a nuvem, em parte devido à percepção de que esse ambiente era inseguro. Essa visão, no entanto, está sendo desmistificada à medida que ocorre um maior alinhamento entre as áreas de TI e Segurança. Atualmente, observamos uma média de intenção de migração para a nuvem na América Latina que está acima da média global, com 72% indicando a intenção de realizar essa transição, comparado aos 83% globalmente. Esse aumento reflete uma mudança de mentalidade e uma crescente compreensão dos benefícios e da segurança proporcionados pela nuvem. Acredito que, à medida que essa conscientização continua a se disseminar, a região está posicionada para superar suas desvantagens históricas e adotar de forma mais robusta as soluções em nuvem, alavancando assim os avanços tecnológicos para impulsionar o setor de segurança física na América Latina.

IPNEWS: Qual é a oferta da Genetec nesta área de computação em nuvem?

LV: Na área de computação em nuvem, a Genetec possui uma abordagem flexível em relação à oferta de seus serviços. Embora não ofereçamos serviços de nuvem no formato de Infrastructure as a Service (IaaS) ou Platform as a Service (PaaS), praticamente todo o nosso portfólio pode ser adquirido nas modalidades on-premises ou on-cloud.

Em outras palavras, a Genetec não disponibiliza infraestrutura ou plataformas como serviço, mas oferece soluções baseadas em Software as a Service (SaaS). Isso significa que fornecemos funcionalidades e usabilidade completas na nuvem para diversas soluções, como gerenciamento de vídeo (VSaaS – Video Security as a Service), controle de acesso (ACSaaS – Access Control as a Service), federação (FaaS), entre outras. Essa abordagem reflete nossa capacidade de adaptar nossos produtos às necessidades específicas dos clientes, permitindo que eles escolham entre implementações locais ou baseadas na nuvem, de acordo com suas preferências e requisitos operacionais.

IPNEWS: Assim como computação em nuvem foi o grande destaque deste ano, qual deve ser a tendência daqui para frente?

LV: Assim como a computação em nuvem se destacou este ano, as tendências futuras apontam para um ambiente híbrido com ênfase em investimentos operacionais (OPEX), maior foco em controle de acesso, adoção de plataformas unificadas e atenção crescente à segurança cibernética no contexto da segurança física e operações (OT).

IPNEWS: Quais são os benefícios da inteligência artificial nesta área?

LV: A inteligência artificial (IA) apresenta diversas vantagens nesse contexto, contribuindo para a otimização e redução de erros operacionais. Por exemplo, a aplicação de visão computacional em tempo real em vídeos permite a extração de informações específicas, gerando indicadores essenciais para aprimorar a compreensão da situação. Além disso, a IA é eficaz na geração de alertas imediatos com base em regras de negócio, utilizando análise de imagem para identificar padrões e tomar decisões proativas. A capacidade de correlacionar e analisar dados coletados posteriormente agiliza a identificação de necessidades, deficiências ou a localização de eventos específicos em intervalos de tempo.

É válido destacar que, embora seja chamada de “Inteligência” Artificial, a IA não é infalível. Seu funcionamento baseia-se em algoritmos probabilísticos, implicando a existência de uma margem de erro. Portanto, é essencial utilizar essa tecnologia com cautela e compreender suas limitações para aproveitar plenamente seus benefícios na área de segurança física.

IPNEWS: Considerando o avanço da digitalização do setor, que dizer de questões como ética e privacidade?

LV: Com a digitalização ganhando espaço, ética e privacidade tornam-se cruciais. A privacidade, um direito fundamental, é respaldada pela Constituição e regulamentações como a LGPD. Abordar essas questões com responsabilidade é essencial, tanto no desenvolvimento de produtos, quanto no contato com os usuários. Explicar dúvidas e conscientizar sobre o tratamento adequado de dados pessoais são práticas fundamentais.

Na prática, adotamos conceitos como “privacy by design by default” no desenvolvimento de nossas soluções, considerando a privacidade desde a concepção do produto. Privacidade e proteção de dados são critérios essenciais ao avaliar novas soluções. Dispositivos IoT, como câmeras de segurança, podem coletar informações além do óbvio, exigindo transparência. Além das medidas no desenvolvimento, a transparência é um pilar fundamental na abordagem da Genetec para garantir a privacidade e proteção adequadas dos dados dos usuários.

IPNEWS: Em que medida os resultados da sondagem anunal impactam na estratégia da Genetec? Este ano, ocorreu alguma alteração no modelo de negócio em função dos resultados obtidos?

LV: Sim, os resultados da sondagem anual têm um impacto significativo em nossa estratégia na Genetec. Observamos uma crescente preparação para adaptar nossos serviços de acordo com as demandas dos clientes. Reconhecemos que somos fundamentais para as empresas que buscam uma visão de longo prazo ao escolherem seu software de segurança. Nesse contexto, a valorização de uma plataforma unificada tem aumentado, sendo crucial na mitigação dos riscos de ataques cibernéticos.

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