As três empresas foram alvo de investigações do Departamento de Justiça dos EUA para descobrir se estão impedindo a adoção do eSIM, chip que permite fácil troca de operadora no celular.
De acordo com o jornal The New York Times, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos está conduzindo uma investigação antitruste que envolve as operadoras AT&T e Verizon, além da GSMA, organização responsável pelos padrões de telecomunicações. O Departamento norte-americano quer descobrir se as empresas conspiraram para impedir que clientes mudem facilmente de operadoras de celular.
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Em fevereiro, o Departamento de Justiça emitiu pedidos às três empresas para obter informações sobre possíveis conluios para impedir que a adoção do eSIM. A tecnologia substitui o tradicional chip da operadora por um dentro do hardware do smartphone, permitindo a mudança de operada sem nem precisar trocar de chip.
Segundo as fontes, que falaram sobre a condição de anonimato, as investigações começaram após o pedido de ao menos um fabricante e uma operadora. A Bloomberg informou que a Apple foi uma das empresas que prestou queixa.
Ainda de acordo com a Bloomberg, a Verizon reconheceu que foi investigada há alguns meses. Um porta-voz da operadora disse que se tratava de uma diferença de opinião entre os fabricantes sobre um padrão para a tecnologia de comutação. Para ele, a questão fez “muito barulho por nada”.
Já ao NY Times, um porta-voz da AT&T disse que a operadora estava “ciente da investigação”, forneceu informações ao governo e estava trabalhando “para avançar com essa questão”.
Em uma declaração em seu site, a GSMA disse que parou o desenvolvimento do eSIM em razão das investigações. A empresa explicou que o padrão permitiria o bloqueio de um dispositivo por uma operadora, mas precisaria da permissão do consumidor para fazê-lo. A GSMA também comentou que está cooperando com as investigações.
A AT&T e a Verizon juntas controlam cerca de 70% de todas as assinaturas de serviços sem fio nos Estados Unidos. Uma tecnologia que facilitasse a troca de operadoras poderia levar a mais rotatividade e menos assinantes para eles.
Diversos analistas de Wall Street disseram que é cedo demais para avaliar o efeito da investigação na indústria de telefonia sem fio dos EUA. Mas o analista do JP Morgan, Philip Cusick, em entrevista ao portal FierceWireless, advertiu que isso poderia acalmar a atitude do Departamento de Justiça em relação a uma possível fusão entre a Sprint e a T-Mobile.
Já Walter Piecyk, da BTIG, explicou o porquê da Apple ter se interessado pela questão. Segundo ele, sem a necessidade de um cartão SIM, o iPhone ganharia espaço para fornecer novas funções. No entanto, o analista também observou que a tecnologia eSIM poderia reduzir as vendas de iPhone da Apple no mercado norte-americano, incentivando os clientes a manter seus telefones por longos períodos de tempo antes de comprar um novo dispositivo.