Wireless

Banda larga em área rural depende de vontade política, defende diretor do CPqD

Representante do CPqD afirma que todas as tecnologias são úteis para o projeto de acesso à banda larga na área rural e que o Brasil é líder no desenvolvimento de soluções. O problema é superar a demora por uma regulamentação governamental, além da falta de incentivo das operadoras.

Qual o melhor espectro e tecnologia para a inclusão digital na área rural? De acordo com o diretor de rede de telecomunicações do CPqD, Ralph Robert Heinrinch, todas as tecnologias são viáveis. Para ele, a grande falta é uma existência adequada de política de Estado para que todos os projetos possam ser utilizados.

Heinrich diz que o centro de pesquisa realiza há mais de 10 anos testes de comunicação em rede móvel e que já poderiam estar sendo oferecidas à população rural. Ele deu como exemplo o sistema Ad-hoc, uma rede wireless, projetada em 2004, que tem como conceito a interiorização de acesso com baixo custo. “Nossa solução é adaptável a qualquer tipo de freqüência, como 250, 450 e 900MHz. Ela caberia a qualquer tecnologia estabelecida pela Anatel”, diz.

O representante do centro de pesquisa também alerta pela falta de infraestrutura nessa região, fato que muitas operadoras de telefonia móvel deverão investir para oferecer os serviços de banda larga móvel. Conforme ele afirma, hoje o que existe são antenas localizadas na beira de estrada. “Agora, quando nos referimos para dentro do campo, onde estão as fazendas e sítios, o sinal fica com baixa qualidade tanto para a telefonia quanto para a utilização da Internet”.

Além disso, Heinrich acredita que as operadoras não queiram investir, pelo fato de não haver retorno financeiro, o qual a representatividade demográfica é irrisória em relação as concentrações urbanas. “Trata-se de uma questão além da tecnologia e a parcela rural não gera retorno para as operadoras. A mudança só ocorrerá com uma ação do governo”, avalia.

Em meados de 2007, o CPqD deu inicio aos testes com WiMAX com a utilização de equipamentos como terminais de usuários (CPE) e estações radiobase (ERB), além de softwares de gerência integrada para elementos da rede. Após os testes, atualmente, toda a tecnologia para essa freqüência de transferências de dados foram repassadas para a WxBr, um consórcio formado pelas empresas AsGa, Icatel, Padtec e Trópico e tem como foco a produção e comercialização de produtos e soluções de acesso a banda larga sem-fio com base em tecnologia WiMax.

Os testes foram bem sucedidos, mas, até o momento, tudo está arquivado. O motivo, segundo Heinrich, é porque o consórcio, assim como muitas empresas, aguardam a decisão de homologação da Anatel. “Não investimos mais porque a regulamentação não está disponível”.

Porém, o diretor do CPqD alerta que o WiMAX não é a única solução para a inclusão da áreas rural. “Essa tecnologia conseguirá seu espaço no Brasil, mas ela não é a que ditará regras e será a solução para os problemas. Precisa de infraestrutura para dentro do campo e cada região deverá utilizar o espectro que supra a sua necessidade”, defende.

Quanto ao uso da freqüência de 450MHz e o CDMA 450MHz, Heinrich diz que antes é necessário reestruturar o seu uso, porque muitas empresas deverão se adequar a um novo espectro, como órgãos públicos e empresas, para manter seus serviços. Esse é um dos motivos pela demora da decisão.

Ralph Robert Heinrinch defende que a tecnologia é uma alavanca para a área rural em desenvolvimento econômico, onde as pessoas terão mais agilidade para se comunicar e negociar seus produtos, sem a necessidade de locomover.

Para o diretor do CPqD ainda hoje é evidente no meio rural a falta de conhecimento sobre o uso da banda larga. Antes de brigar e inserir um sistema de alta velocidade, deve-se conscientizar a população de como se usa a Internet, para depois disponibilizar outros serviços com mais rapidez. “Vale lembrar que no começo utilizávamos a Internet discada e com o tempo fomos aumentando as nossas exigências. Trata-se de um processo de evolução em escala. Tecnologia nós temos, só falta um plano de política adequado”, enfatiza Heinrinch.

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