Moeda virtual, que hoje custa mais de R$ 2 mil a unidade, sofreu oscilações devido aos mercados asiáticos e europeus. Especialista explica como se deu essa influência.
No mês passado, os mercados asiático e europeu causaram diferentes oscilações no valor do bitcoin. Enquanto o primeiro foi responsável pela queda no preço da moeda digital, o segundo, impulsionado pela saída do Reino Unido da União Europeia, mostrou aumento na procura do bitcoin.
Conforme explica Safiri Felix, CEO da CoinBR, empresa especializada em serviços de blockchain (conceito tecnológico que rege o bitcoin), a moeda digital sofre influências de mercados, mas não exatamente da mesma forma que as tradicionais. “O que rege o cálculo do valor do bitcoin é a demanda. Se tem mais comprador, o preço sobe”, afirma.
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Isso porque a emissão de moedas de bitcoin é escassa, sendo reduzida a cada quatro anos e limitada a circulação de até 21 milhões. “Essas regras evitam que a moeda perca seu valor de mercado”, diz o especialista.
Voltando aos mercados asiático, Felix explica que a desvalorização da moeda foi motivada por um ataque hacker contra a corretora Bitfinex, sediada em Hong Kong, que perdeu 120 mil bitcoins em agosto.
Apesar disso, o especialista acredita na recuperação da moeda, motivada pelo cenário de incertezas que rondam as principais economias da Ásia. “A China se encontra em transação financeira, desvalorizando o yuan (moeda local), o que pode aumentar a busca dos chineses por outras moedas para não perder dinheiro”, diz Felix.
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Outro fator que impacta diretamente no valor do bitcoin são as mineradoras chinesas, donas de 70% da capacidade de processamento dedicada ao blockchain. De acordo com o especialista, o predomínio chinês na mineração coloca a demanda chinesa como um dos principais vetores de crescimento do bitcoin. “O que, por sua vez, aumenta a complexidade em relação aos mecanismos de governança do protocolo e resulta em conflito no que diz respeito à natureza descentralizada do blockchain”, aponta.
Já a decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia levou a libra esterlina a desvalorização ante o dólar americano e o euro, levando os investidores a reverem suas posições na China e na Grã-Bretanha. E parte desses recursos foram para o bitcoin, como forma de diversificar e proteger portfólios, segundo Felix.
As situações difíceis de Itália, Portugal, Espanha e Grécia, mercados com incertezas na política monetária, também tem levado a preferência de alguns investidores pela moeda digital. “O Bitcoin tem seus próprios fundamentos, seu próprio valor e, principalmente, não é dependente de nenhuma autoridade central”, lembra.
Felix ainda recomenda cautela e atenção na hora de tirar proveito da volatilidade do bitcoin, mas destaca seus benefícios, como quebra de fronteira sem necessidade de câmbio. “O bitcoin não vai acabar com a moeda tradicional, mas é uma saída ao mercado atual”, encerra.