Apenas 3,1% dos acessos são M2M, destaca Paulo Bernardo.
As empresas brasileiras de telecomunicações precisam fazer investimentos em construção, ampliação e modernização de redes para assegurar o crescimento de setores como o de comunicações máquina-a-máquina (conhecido tecnicamente como M2M). Esta foi a avaliação do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, durante a abertura do seminário internacional “A Internet das Coisas”, promovido pelo BNDES, no Rio de Janeiro.
Decreto desonera serviço de comunicação M2M
A recente desoneração de taxas dada pelo Governo Federal aos serviços de comunicação máquina-a-máquina vai ajudar a promover um desenvolvimento ainda maior no setor – que registrou crescimento de 40% nos últimos três anos, mas, na avaliação de Bernardo, as operadoras de telecom precisam ampliar suas redes para dar conta da demanda. “Para que a internet das coisas funcione, precisamos investir em redes e ter suporte na infraestrutura básica. Como vamos fazer isso? A nova licitação do 4G é uma das medidas que o governo está adotando para ajudar o setor”, explicou o ministro.
Ele defendeu ainda maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento e produção de tecnologias e serviços nacionais. “Precisamos aproveitar melhor a criatividade do Brasil nessa área”, afirmou Bernardo.
Desoneração
“Quando olhamos para o mercado brasileiro, há indícios importantes de crescimento. Ainda assim, há espaço para investimentos, pois apenas 3,1% dos acessos no país são M2M”, destacou Bernardo. Segundo o ministro, a expectativa é de que em 2020 haja 2 bilhões de máquinas conectadas no Brasil, uma média de aproximadamente 7 máquinas por pessoa.
Recentemente, o Governo Federal baixou uma medida pra acelerar ainda mais o crescimento das comunicações máquina-a-máquina. Foram reduzidas as taxas de fiscalização para dispositivos M2M que utilizam a rede móvel celular. Para habilitar o chip, a taxa – cobrada somente no primeiro ano – caiu de R$ 26,83 para R$ 5,68. Já a taxa anual de fiscalização foi reduzida de R$ 8,94 para R$ 1,89.
Com o benefício, as operadoras sinalizaram que poderão fazer investimento da ordem de R$ 19 bilhões até o ano de 2016. Além disso, será criada uma Câmara de Gestão e Acompanhamento para atuar na definição de setores estratégicos, como saúde, educação, segurança e meio ambiente, além de subsidiar a formulação de políticas públicas que estimulem o desenvolvimento de sistemas M2M.
Participação
Segundo dados da GSMA, entidade que reúne operadoras móveis de todas as regiões do planeta, o Brasil está no grupo dos 10 países que contribuíram com 70% de todas as conexões M2M no mundo em 2013, ao lado de China, Estados Unidos, Japão, França, Itália, Reino Unido, Rússia, Alemanha e África do Sul.
M2M
Os sistemas de comunicação máquina-a-máquina operam dispositivos que utilizam redes de telecomunicações para transmitir dados a aplicações remotas para monitorar, medir e controlar o próprio dispositivo, o ambiente ao seu redor, ou sistemas a ele conectados.
O M2M pode ser usado em projetos de cidades inteligentes, atuando em setores como controle de tráfego, smartgrid (medidores inteligentes de consumo de energia elétrica), mobilidade urbana, segurança pública e prevenção e atuação em desastres naturais.
O mecanismo também vai permitir diagnóstico e tratamento de doenças a distância, com monitoramento remoto de doenças crônicas e até a criação de pílulas equipadas com dispositivos M2M (por exemplo, uma endoscopia podendo ser feita com uma pílula, realização de exames oftalmológicos, medição de parâmetros do corpo humano sem intervenção humana etc).
No campo da agricultura, a utilização de dispositivos máquina-a-máquina vai possibilitar o aumento da produtividade no campo, com controle de lavoura e de criação de animais e do uso e da degradação do solo e do meio ambiente.