Tecnologia que já atinge 13 milhões de japoneses e quase 4 milhões de norte-americanos começa a ganhar força também no Brasil. A expectativa pela adoção em massa do IPTV e a demanda crescente por velocidade de internet em residências são os principais motivadores para o avanço.
Depois da iniciativa da Telefônica em implantar fibra óptica para mais de 300 mil domicílios no bairro dos Jardins e outras áreas adjacentes em São Paulo, novas procuras por adoção de fibra óptica estão despontando no mercado brasileiro. A tecnologia é impulsionada pela expectativa de massificação do IPTV e também pela demanda crescente de velocidade da internet para suportar serviços de voz e dados, consolidando o crescimento da fibra óptica no Brasil, que saltou de 360 mil km instalados em 2006 para 980 mil km em 2008.
A Furukawa, fornecedora da maior parte dos ativos da nova rede de fibra óptica da Telefônica, afirma que já está implantando FTTH ou FTTX – fibra óptica até a residência ou fibra óptica até qualquer tipo de estabelecimento – para mais 3 operadoras de service providers. "A principal vantagem do FTTH em relação ao xDSL (tudo por DSL), é que a operadora pode ficar despreocupada quanto à limitação de banda, pois é possível chegar a taxas que, atualmente, são exorbitantes, como 20 ou 30 Gbps de velocidade", diz Nelson Saito, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Furukawa. No Japão, segundo ele, hoje é comum o fornecimento de 100 Mbps com FTTH. Como parâmetro, podemos relacionar que a Telefônica está fornecendo até 30 Mbps nos Jardins. "Mas para ela aumentar é só uma questão de simples ajustes nos equipamentos G-PON ", complementa ele.
E esses upgrades podem ser necessários para o futuro da TV em alta definição fornecida por protocolos de internet, o dito IPTV. "Atualmente, se quisermos assistir um vídeo em alta definição, com qualidade mediana, 5 Mbps de velocidade para cada canal são o suficiente", diz ele. "Porém, se pensarmos no conceito de full HD, como é o futuro que imaginamos, é preciso ter 20 Mbps disponível para cada canal, o que justifica a taxa de 100 Mbps trabalhada no Japão", complementa ele. As redes ADSL atuais podem oferecer até 20 MB com todos os upgrades possíveis, na visão de Saito.
Aprimoramento da fibra óptica
Segundo o especialista da Furukawa, as aplicações atuais com fibra óptica estão sendo executadas com tecnologia de fibras insensíveis ao raio de curvatura. "As fibras anteriores convencionais, que permitiam raios de curvatura de cerca de 30 mm, sofriam interferências quando eram curvadas durante a passagem na instalação, o que, com certeza, inviabilizariam a transmissão de IPTV", diz ele. "Agora, estamos trabalhando com fibras que podem ser curvadas em até 5 mm, que são totalmente insensíveis à curvatura e podem transmitir IPTV com segurança, assim como podem ser instaladas em qualquer situação, inclusive em edifícios", complementa.
Essa evolução, pela qual as operadoras de telefonia devem passar nos próximos anos, deve inverter o cenário tecnológico que hoje é liderado pelas operadoras de TV a cabo, no que se refere a largura de banda, na visão de Saito. "Em pouco tempo teremos as incumbents trabalhando em cima de fibra óptica e com qualidade superior ao cabo das TVs por assinatura, o que deve demandar outra corrida no futuro por parte delas, que terão que partir para o FTTH também, dentro de soluções específicas para esse tipo de negócio", finaliza o especialista.
