2024 – FuturecomNegócios

FWA não engrena no Brasil

Quando o 5G começou a ser implementado no Brasil há dois anos, o Acesso Sem Fio Fixo (FWA, na sigla em inglês) era um dos argumentos de retorno de investimento da quinta geração de rede móvel. O tempo, no entanto, mostrou que não seria bem assim no País. Em um painel sobre o FWA no Futurecom 2024, representantes do setor mostraram que ainda falta muito para a adoção em massa da tecnologia.

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A principal barreira é financeira, como não poderia deixar de ser no Brasil. O preço do roteador FWA – chamado de CPE – é salgado e precisa ser adquirido separadamente pelo cliente, que ter que desembolsar mais de R$ 1 mil. Além disso, as operadoras decidiram adotar um modelo de comercialização baseado em franquia de dados, algo pouco comum em ofertas de rede fixa convencional.

Marcio Silva, vice-presidente B2C da Algar Telecom, que já oferece o FWA em todas as cidades em que a operadora detém rede 5G, entende que essa é o principal impeditivo. A expectativa do executivo é de que o custo das CPEs diminuam com o tempo e com a demanda, popularizando a tecnologia.

Henry Rodrigues, gerente executivo de Mobile do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), acredita que o preço de CPEs caiam para 60 dólares daqui dois anos – hoje, passa dos US$ 100. Até lá, é provável que as conexões FWA sejam mais utilizadas por classes mais ricas e dispute espaço com redes satelitais que atendem regiões sem conectividade fixa, já que o custo é parecido.

Expectativas reduzidas até na indústria

A Intelbras, que foi a primeira empresa a lançar uma CPE 5G no mercado brasileiro, também não está muito animada com o mercado. Em entrevista para esta matéria, Amilcar Scheffer, diretor de soluções e produtos da fabricante, reconheceu que o mercado é menor do que gostaria. O lado positivo, segundo ele, é de que há uma evolução e uma “busca por maturidade”.

Exemplo disso é o uso de CPEs Intelbras em ofertas de FWA da Brisanet e da Claro, além de iniciativas de homologação dos equipamentos com TIM e Vivo. Scheffer diz que acredita na tecnologia, principalmente como forma de atender áreas sem conectividade física e como rede de contingência, e vai entrar em outros mercados da América Latina, como a Colômbia.

Talvez a guinada para a América Latina seja a solução para a indústria. Alejandro Adamowicz, diretor de Tecnologia do GSMA, que participou do painel sobre FWA na Futurecom, destacou que o Peru é um mercado onde a oferta está ganhando maior tração, justamente pela topologia do país. No entanto, ele ressaltou que o mercado de FWA ainda é pequeno, de US$ 13,8 bilhões no mundo todo, e que até pode vir a ser a tal “killer application” do 5G, mas em mercados bem limitados.

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