Uma das iniciativas da empresa é o Center for Social Software, centro de excelência para pesquisas em redes sociais, que desenvolve e compartilha pesquisas e projetos.
Para Cezar Taurion, gerente de novas tecnologias aplicadas da IBM Brasil, muitas pessoas não conhecem a IBM de hoje, acreditando que ela é a mesma empresa de 20 anos atrás, quando atuava basicamente em hardware, em mainframes. “A analogia que faço desta percepção errônea do mercado com relação à IBM é com um iceberg. Como a densidade do gelo é menor que a da água, apenas um décimo do volume do iceberg fica acima da linha d’água e é visto”, declara o executivo.
No entanto, como diz Taurion, tem muita coisa embaixo da linha d’água…e o mesmo acontece com a IBM, como comprovam os números. Se olharmos a sua distribuição de receita como, por exemplo, o PTI (Pre-Tax Income), veremos que 42% dos resultados vêm de serviços e 40% de software, enquanto hardware corresponde a 9%. Os outros 9% vêm de financiamento de seus equipamentos e serviços.
“Nosso portfólio principal concentra-se em software e serviços, e investimos mais de US$ 50 bilhões todo o ano em P&D. Por 17 anos consecutivos a IBM mantém a liderança no número de patentes registradas no USPTO. Está em constante evolução e nos últimos anos adquiriu mais de 100 empresas, a imensa maioria de software, por acelerar o processo de inovação”, conta Taurion.
E se a palavra é inovação, a empresa não poderia deixar de investir no fenômeno das redes sociais, assim como utilizar esses meios em seu ambiente. Afinal, a IBM é uma empresa com 400 mil profissionais que trabalham em um ambiente global e intensamente móvel. “Como enfrentar o desafio da overdose de informações e conseguir identificar rapidamente uma determinada expertise, espalhada por uma força de trabalho global? E atuando em um setor altamente competitivo, como se manter inovadora? As redes têm sido nos últimos anos uma das principais bases para a transformação das comunidades IBM”, diz o executivo.
Uma dessas iniciativas é o Center for Social Software (http://www.research.ibm.com/social), centro de excelência para pesquisas em redes sociais. Taurion conta que este centro desenvolve e compartilha suas pesquisas com universidades e parceiros de negócios. Além disso, abre projetos para uso interno, dentro da intranet, para que seus colaboradores usem estes softwares experimentais e aumentem a velocidade de sua validação em campo. É a fase proof-of-concept, utilizando a força de trabalho de 400 mil funcionários no mundo todo.
“Hoje, existem diversos projetos em andamento, sendo que alguns como o Social Acessibility Project, o ManyEyes e o CoSpriter estão abertos à participação externa”, explica Taurion.
A rede que virou solução para o mercado
Um exemplo interessante de projeto baseado em redes é o SmallBlue, software social (inicialmente utilizado apenas internamente na IBM) que permite a um colaborador localizar colegas que tenham conhecimento de algum assunto.
O SmallBlue utiliza fontes públicas (dentro da intranet) como o perfil de cada funcionário na BluePages (as ‘páginas amarelas’ da IBM) e análises estatísticas baseada em mecanismos de inteligência artificial, das comunicações entre os funcionários, seja por email ou mensagens instantâneas. Com estas informações, o software constrói a rede dinâmica de conexões que permitem a um colaborador identificar alguém conhecido que tenha conhecimento sobre determinado assunto.
A rede tem participação voluntária. Aliás, segundo Taurion, a política interna da companhia não permite nenhum software vasculhar conteúdo de mensagens eletrônicas e, portanto, o funcionário tem que autorizar o SmallBlue a analisar as mensagens em busca de tags que identifiquem as áreas de conhecimento da pessoa.
“Ele monitora minhas conexões e controi uma rede indicando com quem troco conhecimento sobre determinados assuntos como, por exemplo, ‘Cloud Computing’. Assim, vamos imaginar que eu precise identificar rapidamente as pessoas que poderiam me ajudar a resolver determinada questão relativa a este assunto. O SmallBlue vai me mostrar um gráfico do interrelacionamento entre eu e os demais ibmistas sobre este tema, e destas com outras sucessivamente”, explica Taurion.
Ou seja, o software vai indicar o caminho para chegar a determinada pessoa, com quem da rede direta o funcionário tem que falar para chegar até ela. Este projeto acabou gerando um produto de software, o Atlas for Lotus Connections, que é comercializado para o mercado externo.