O Brasil tem tudo para ser o novo centro das atenções. Mas, com pouco mais de quatro anos para o início das competições esportivas, será que estamos preparados sediar esses eventos? Nesse contexto, a IC pode ser fundamental para apresentar tendências e apontar caminhos.
O Brasil tem tudo para ser o novo centro das atenções da próxima década. A exploração do Pré-Sal e a realização da Copa do Mundo e Olimpíadas abrem um leque de oportunidades para que o País desenvolva sua economia e dê um salto de crescimento. Mas, a pouco mais de cinco anos para o início das competições esportivas, será que estamos preparados sediar esses eventos? O que ainda falta enxergar?
Sem dúvida a infraestrutura é um dos maiores desafios que temos pela frente. Os aeroportos que existem são suficientes? Os hotéis brasileiros têm capacidade para absorver o grande número de turistas que visitarão o Brasil nesse período? Essas são questões essenciais que só podem ser respondidas com um forte e intenso trabalho de gestão, especificamente em Inteligência Competitiva (IC).
Na realidade atual, tanto a gestão pública quanto a privada nas áreas de esporte ainda carecem de profissionalização técnica. E é nessa temática que IC pode ajudar a dar o suporte necessário. Com a função de apresentar tendências e apontar caminhos, a Inteligência Competitiva é o braço direito para que empresas e instituições adiantem-se à concorrência e demais forças presentes no ambiente.
Dessa forma, um dos papéis seria, por exemplo, coletar cases e experiências bem sucedidas em outros países, bem como seus erros e falhas, e analisar esses dados para ajudar a montar um modelo que possibilite ao Brasil fazer os investimentos necessários com o maior retorno possível. E nesse caso, não apenas para esses grandes eventos esportivos que nos aguardam, mas de forma a manter uma infraestrutura permanente que beneficie os cidadãos após o término das competições.
Antecipar riscos e oportunidades
A IC também ajuda a detectar oportunidades e riscos antecipadamente. Por exemplo: Dubai, um dos sete países dos emirados árabes, declarou recentemente moratória da sua dívida, afugentando investidores. O país do Golfo Pérsico capta bastante recursos e vinha crescendo a taxas absurdas. Para onde vão esses investidores? Podem vir para cá, desde que ajamos rapidamente. Onde mais no mundo há oportunidades de captação de investimento? O Brasil é atrativo para muitos setores. Infraestrutura é um deles. Infraestrutura de esporte pode ser também.
No caso da Copa do Mundo e das Olimpíadas, o desafio, basicamente, seria descobrir quem vai consumir essa informação, essa inteligência. As obras de infraestrutura não serão executadas pelo COI ou COB, mas pelos governos. Essa pulverização de certa forma atrapalha o foco de inteligência. A saída é que os gestores estaduais e municipais mais antenados tenham capacidade de identificar que IC pode ajudar nesse processo. E nesse ponto, os estados e cidades que saírem na frente, poderão aproveitar melhor seus recursos e deixar um legado de infraestrutura mais duradouro.
Nesse sentido, nos dois eventos, os setores que precisarão, necessariamente, de análise de Inteligência Competitiva, além, obviamente, do setor de construção, são concessionárias e novos entrantes em transporte público, telefonia móvel, turismo, hotelaria, publicidade e propaganda. A economia toda ganha, por efeito de extravasamento, mas alguns setores ganham mais que outros.
Com relação à situação hoteleira do Brasil, o COI e a FIFA, ao decidirem pela realização dos eventos, certamente apostaram que o país comportaria, ou comportará, até a realização deles, a demanda de milhões de turistas. No ano passado, o país recebeu cerca de cinco milhões de visitantes. A expectativa é de que este número se multiplique algumas vezes até 2016.
Por isso, acredito que seria um gol de placa, para usar uma metáfora que combina com o assunto, se a rede hoteleira fizesse alguns investimentos em inteligência. Por exemplo: quais os países que se classificaram para a Copa do Mundo? Quais as peculiaridades que os turistas desses países exigem quando em viagem? Obtendo informações assim, poderão se adaptar para atender melhor os visitantes. E, ao impressionar bem, acabarão por fazer a melhor divulgação do Brasil como destino turístico: quem veio, indica para quem ainda não veio. É uma maneira de toda a economia sair ganhando.
*Giancarlo Proença é diretor da Knowtec – empresa especializada em Inteligência Competitiva e Monitoramento de Informações.