Companhia não negou possibilidades de soluções da Motorola e IBM serem fabricadas no País, mas quer esperar as coisas acontecerem.
Pela primeira vez desde a sua inauguração, em 2012, a Lenovo abriu as portas da fábrica situada em Itu, interior de São Paulo, para jornalistas. O local é usado para a produção de PCs, e agora, de servidores e workstations. Na ocasião, a companhia anunciou os frutos da parceria com a EMC para o desenvolvimento dos servidores localmente, e falou sobre os negócios nessa área.
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“Quando começamos a fabricação de PCs no Brasil, logo conseguimos o primeiro lugar em market share no mercado global, e aqui ficamos com 18,6% no quarto trimestre de 2013. Saltamos da posição de 5.8% no terceiro trimestre de 2012 para 15.1%, um ano depois. Acreditamos que chegaremos a liderança na área de servidores”, comentou Joarez Bertholdo, diretor executivo de vendas corporativas.
A companhia disse que será agressiva na atuação com servidores, e a tecnologia Think, disponível para PCs e famosa por ‘não quebrar’, agora integra a marca de servidores, com o ‘ThinkServer’, e três modelos serão fabricados no Brasil. O TS140, ideal para pequenos negócios, e os RD540 e RD640, recomendados para empresas maiores, pois suportam aplicações de computação intensiva e trabalho de tráfego Web mais pesadas.
Sobre a parceria, Joel Scwartz, vice-presidente e diretor geral de desenvolvimento global de novos negócios da EMC, afirmou que antes da Lenovo, a companhia era parceira da Dell na área de servidores, que desistiu do negócio para atuar sozinha. “Hoje a Dell vende menos servidores do que quando atuávamos em conjunto”, e usou o caso para ilustrar o que a companhia procurava um “diferente tipo de capitalista, que entendesse que além do seu mercado local, existe um global”, e disse que passou a procurar empresas que quisessem atuar fortemente na área de workstations e servidores.
Está claro o posicionamento da Lenovo nessa área. Eles querem a liderança. E recentemente, adquiriu a linha de servidores de baixo custo da IBM. Questionado, Dan Stone não negou a possibilidade de que esses servidores também possam ser fabricados no Brasil – um dia. “Nós temos toda a infraestrutura aqui, mas ainda não posso garantir que a fabricação local vai acontecer. Vamos esperar para ver”, disse o vice-presidente e gerente geral da companhia na América Latina, e sobre os negócios com a Motorola e possibilidade de fabricação de smartphones de baixo custo localmente, ele declarou que se a produção acontecer no Brasil, será em Manaus, deixando claro que é preciso deixar as coisas acontecerem. Ambos acordos dependem da aprovação de reguladores norte-americanos.
A chinesa quer atuar com empresas de diversos tamanhos, e disse entender a dinâmica do setor. Para isso, esperam ganhar o mercado local com vendas diretas, contratos globais e canais para atender PMEs e micro e pequenas empresas. Na China, mais de 99% do business da Lenovo é feito por canais, e no Brasil a companhia atua com 9 parceiros atendendo todos os municípios.
“Nossa história de aquisições começou em 2005, com a linha de PCs da IBM, e entendemos que estar no mercado de tecnologia é entregar soluções para diversas áreas”, pontuou Stone, e disse acreditar que o Brasil tem potencial para se tornar um pólo de desenvolvimento da companhia na América Latina. “A estrutura que temos no Brasil permitirá exportar soluções para o resto do mundo”, comentou.
Joarez Bertholdo, diretor executivo de vendas corporativas da Lenovo no Brasil, disse que as enterprises representam de 30% a 40% do core business da empresa, e os investimentos feitos no Brasil mostram que é possível crescer localmente. “Todos os produtos poderão ser feitos aqui. Placa mãe em Manaus, software em Campinas. A Lenovo está trazendo produtos do mundo para cá”, e afirma que a empresa já ficou fora de grandes projetos por não ter soluções completas fabricadas aqui.
Fábrica
Cerca de 5.2 mil computadores são fabricados diariamente e toda distribuição de produtos é feita pela DHL, inclusive a logística reversa, que concentra os produtos danificados ou com defeitos de fábrica. Segundo o gerente responsável pela área de suporte e reparos, Eduardo Sollano, 1% dos produtos que são vendidos vão para reparo, mas o curioso é que 90% desse total são produtos da CCE, que a Lenovo ainda está alinhando à marca. Do total de produtos com defeitos, 50% são tablets, e cerca de 30% por problemas na tela touch. Sollano afirmou que desativará uma das baias da área de reparos, que hoje tem oito. “Nosso objetivo é que ela diminua cada vez mais”, disse.
Com a aquisição da empresa, a chinesa herdou a fábrica de Manaus, onde fica concentrada a produção dos demais produtos da linha, como PCs, tablets, TVs e smartphones. Atualmente, a companhia desenvolve softwares em Campinas, fruto de uma parceria com a Unicamp (Universidade de Campinas), que custou da empresa um investimento de US$ 100 milhões.
A fábrica de Itu (SP) gerou 280 empregos diretos e 400 indiretos na região, e a operação recebeu um aporte de R$ 2.5 bilhões em um ano.