
No primeiro trimestre deste ano, a receita gerada por publicidade online atingiu R$ 134,2 milhões, 36% a mais que no mesmo período de 2007.
O Brasil vive o maior boom de crescimento em número de acessos residenciais à Internet desde 2000, segundo uma pesquisa divulgada recentemente pelo Ibope/NetRatings. No último mês de abril, haviam 22,4 milhões de pessoas conectadas à rede em casa, o que representa um aumento de 41,3% em relação aos 15,9 milhões de acessos verificados no mesmo mês do ano passado, segundo o levantamento. Se adicionados os acessos à Internet feitos de outros locais, como empresas e cybercafés, o número de internautas se aproxima de 40 milhões.
Um dos segmentos mais atingidos por essa massificação da Internet no Brasil foi a publicidade, que além de ganhar um poderoso veículo para a divulgação de suas campanhas, encontrou na web uma forma de segmentar melhor suas ofertas, chegando a obter, em muitos casos, resultados mais satisfatórios que a veiculação de peças em outras mídias.
O setor de mídia on-line no Brasil movimentou R$ 500 milhões (cerca de US$ 280 milhões) em 2007, de acordo com estimativa da WEBTraffic, empresa brasileira de tecnologia de marketing on-line. A perspectiva é que o valor dobre em 2008. Um forte indicativo de que a previsão se realizará é o fato de que, somente no primeiro trimestre deste ano, a receita gerada por publicidade online atingiu R$ 134,2 milhões, 36% a mais do que o mesmo período do ano passado, segundo pesquisa do Instituto Inter-Meios. De acordo com a consultoria IDC, a receita advinda desse tipo de publicidade deve dobrar nos Estados Unidos até 2012, saltando de 25,5 bilhões de dólares para 51,1 bilhões de dólares nos próximos cinco anos. Ainda de acordo com a consultoria, os anúncios online vão passar do quinto lugar no mercado para o segundo lugar, na frente inclusive da televisão, perdendo apenas para o marketing direto.
Paulo Kendzerski, diretor de marketing da WBI Brasil, afirma que as empresas passaram da fase de experimentação e agora estão investindo pesado nesse tipo de mídia. Ele enfatiza que, diferente da mídia tradicional, que necessita de investimentos consideráveis na articulação de campanhas publicitárias, a publicidade online pode ser feita por qualquer empresa, independente do porte. “As empresas podem definir quanto, quando e onde vão investir”, afirma.
Outra vantagem apontada por Conrado Soares, gerente comercial da WEBTraffic, é que a mídia online permite uma total mensuração de ROI (retorno sobre o investimento). “Isso traz tranqüilidade aos empresários, pois é possível enxergar o que foi feito com sua verba e qual a lucratividade da ação”, conta. Além disso, nesse tipo de mídia é possível investir somente no público alvo da empresa.
Apesar da expansão, o mercado latino de publicidade online ainda é muito menor que os mercados americano e europeu. “Nas grandes potências os investimentos são mais vultuosos. Podemos dizer que o mercado brasileiro equivale a 10% dos outros grandes mercados”, declara Conrado. Para Kendzerk, isso acontece porque o mercado brasileiro ainda carece de profissionais com profundos conhecimento da mídia online; outro problema é que muitos empresários ainda não entenderam o potencial da internet como ferramenta de geração de negócios.
Mas, apesar das considerações, Kendzerk aposta que esse ano a mídia online irá bater um recorde histórico de crescimento. “Acredito ainda que esse crescimento será maior do que em muitos países desenvolvidos, pois existe a preocupação das agências de mídia online de transmitir informação ao mercado”, finaliza.
Elas investem!
Reforçando a tendência de direcionamento das verbas de marketing para os canais digitais, muitas empresas investem em campanhas exclusivamente digitais. Um exemplo é a General Motors, que acaba de desenvolver sua campanha 100% digital. “Ao priorizar mídias interativas, a GM demonstra que os canais digitais se tornaram estratégicos para gerar leads e vendas para a indústria automobilística”, explica Cesar Paz, diretor presidente da AG2, agência digital responsável pela campanha.
A Danup, iogurte para beber do grupo francês Danone, após oito anos fora da mídia, estréia na rede com a campanha digital ‘Danup Acorda Mané’, desenvolvida pelo recém-inaugurado Núcleo Digital da Y&R. “A marca Danup deve estar onde seu público está”, diz Anne Napoli, gerente de marketing da Danup. “Hoje os jovens de 12 a 18 anos estão plugados na internet e por isso apostamos na interatividade da web e na utilização dos mecanismos mais modernos para estabelecermos uma conexão imediata com eles”, completa.
Anne explica que foi decisivo na escolha pela mídia online o fato do Brasil ter 41,7 milhões de pessoas conectadas, sendo recordista mundial em tempo de navegação na web (23h e 18m/mês), de acordo com pesquisa do Ibope/NetRatings. Outro fator é que o MSN, um dos meios mais utilizados na campanha, possibilita a segmentação de idade, sexo e estado, além de ter penetração de 73% em um dos targets da marca (12 a 17 anos). “A internet é um meio flexível e permite grande interatividade com o público. Na web podemos utilizar uma linguagem mais jovem e descontraída, com a qual nosso target se identifica. A web também permite que o consumidor interaja com a marca e que a marca reaja rapidamente aos estímulos recebidos”, declara Anne.