Na última década, o uso de Internet e a posse de celular cresceram entre crianças brasileiras de até oito anos. Pesquisa inédita do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br) mostra que 36% das crianças entre seis e oito anos têm seu próprio smartphone. O número cai conforme a idade diminui: 5% das crianças com zero a dois anos têm um aparelho; 20% das entre três e cinco anos.
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Realizada a partir das bases de dados das pesquisas TIC Domicílios e TIC Kids Online Brasil referentes ao período de 2015 a 2024, a pesquisa revela o crescimento desses índices conforme o tempo passou. A pandemia de covid-19, por exemplo, foi umas das principais causas no aumento no número de crianças com acesso ao aparelho.
Os números ficaram estáveis de 2015 a 2019, cresceram em 2021 e voltaram a se estabilizar em patamar mais elevado até 2024. As variações mais significativas foram verificadas nas faixas de três a cinco anos, com aumento de 7 pontos percentuais (passou de 12% em 2019 para 19% em 2021), e na de seis a oito anos, com elevação de 11 pontos percentuais (de 22% em 2019 para 33% em 2021).
Disparidades entre classes sociais
A exemplo do que ocorre com a população de maneira geral, o uso de tecnologias digitais por brasileiros de zero a oito anos também varia conforme condicionantes socioeconômicas. Segundo a análise feita pelo Cetic.br, entre as crianças de domicílios de classes AB, 45% daquelas com idades de 0 a 2 anos, 90% das de 3 a 5 anos e 97% das de 6 a 8 anos foram usuárias da Internet em 2024. Na classe C, as porcentagens foram de 47%, 77% e 88%, respectivamente. Já entre as de classes DE, os mesmos indicadores alcançaram 40%, 60% e 69%, respectivamente.
Também é possível verificar diferenças relevantes em relação à posse de celular. Na faixa de 0 a 2 anos, as proporções das crianças que têm o dispositivo são: 11% (classes AB), 5% (classe C) e 4% (classes DE). Na faixa de 3 a 5 anos: 26% (classes AB), 24% (classe C) e 13% (classes DE). Na de 6 a 8 anos: 40% (classes AB), 42% (classe C) e 27% (classes DE).
Computador
Os dados produzidos pelo Cetic.br também incluem o uso de computador (desktop, notebook ou tablet) pela população de 0 a 8 anos. Na contramão do que vem ocorrendo com o telefone celular, o cenário é de redução do uso do dispositivo. Em 2015, 26% das crianças de 3 a 5 anos e 39% das de 6 a 8 anos utilizavam esse tipo de equipamento. Em 2024, as proporções diminuíram para 17% e 26%, respectivamente – o que pode estar associado à queda contínua da presença do computador nos domicílios em território nacional, como evidenciado na série histórica da pesquisa TIC Domicílios.
Crianças que vivem em residências com computador tendem a utilizá-lo mais do que as que moram em domicílios sem o equipamento. Em 2024, na faixa de 3 a 5 anos, as porcentagens de uso foram de 5% para aquelas que não contam com o dispositivo em casa e de 44% para as que o têm. Na faixa de 6 a 8 anos, as proporções foram 13% e 51% e nas de 0 a 2, de 1% e 29%, respectivamente.
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